Rita Lourenço, Key Account Manager, Schneider Electric em 2020-6-09
A gestão de infraestruturas de data centers (DCIM) tem vindo a tornar-se um tema cada vez mais pertinente nos últimos anos, mas atualmente deparamo-nos com a importância crescente de um outro conceito: a Gestão de data centers as-a-service (DMaaS), que se distingue do primeiro de diversas formas e pode apresentar bastantes vantagens
O primeiro passo na gestão de infraestruturas é a monitorização de componentes e equipamento; o DMaaS simplifica bastante este processo, quando comparado com o DCIM as-a-Service e on-premises. Desde o primeiro momento, o DMaaS inicia um processo de agregação e análise de grandes volumes de dados anónimos, que chegam diretamente do equipamento das infraestruturas dos data centers dos clientes através de uma conexão segura e encriptada. Estes dados podem ser utilizados com recurso ao machine learning, com o objetivo último de prever e prevenir falhas nos data centers, antecipando exigências de manutenção e detetando défices de capacidade. Esta possibilidade é útil para os gestores de data centers com limitações de recursos, porque o DMaaS permite integrar, na manutenção, a monitorização baseada na cloud, bem como a reparação de falhas, permitindo aos fornecedores adotar um modelo de negócios full service. Desta forma, abre uma porta para que se obtenha uma maior visibilidade sobre a infraestrutura, muito importante para as equipas internas. É, também, benéfico para os fornecedores de serviços geridos (MSP), que podem desta forma diversificar a sua oferta de serviços, desde a gestão de energia à manutenção proativa. O DMaaS é, pois, muito vantajoso para data centers com recursos limitados, oferecendo a capacidade de obter uma perceção plena sobre a infraestrutura dos mesmos e a sua carga de IT, permitindo que o suporte inteligente seja oferecido de acordo com as informações obtidas através dos dados. Maior inteligência através da análise de dadosO valor dos dados multiplica-se quando agregado e analisado à escala: aplicando algoritmos em grandes conjuntos de dados, obtidos de diversos tipos de data centers a operar sob diferentes condições ambientais, os fornecedores de DMaaS podem, por exemplo, prever quando os equipamentos vão falhar ou quando os limites de refrigeração vão ser quebrados. Quanto maior for o conjunto de dados, mais inteligente o DMaaS se tornará a cada iteração – pois quanto mais dados analisar, maiores serão as suas capacidades analíticas e mais apelativo este serviço se tornará para os clientes. Possuir mais dados sobre o desempenho de um determinado equipamento em condições específicas (temperatura, humidade, pressão atmosférica) permitirá conseguir previsões mais precisas ao longo do tempo. Num futuro não muito distante, esta realidade possibilitará a maior automação dos data centers, bem como o controlo remoto total a partir de serviços impulsionados por DMaaS – por exemplo, colocar as UPS em modo económico de forma automática quando a sua utilização é reduzida; direcionar a carga de IT para que não esteja em áreas de possíveis falhas; ou até o nivelamento de energia. Introduzir novos modelos de negócioAs tecnologias da IoT e a utilização do Big Data têm sido o estímulo necessário para a introdução de novos modelos de negócio. Uma potencial capacidade do DMaaS é permitir aos fornecedores de serviços e fabricantes agregar serviços de monitorização e gestão nos contratos de leasing para equipamentos de infraestrutura de data centers, de forma a apresentarem uma oferta de ativos as-a-Service. Com este tipo de serviço impulsionado pelo DMaaS, o fornecedor mantém a propriedade e cobra pelo serviço de operação, o que pode ser especialmente interessante para implementações de IT altamente distribuídas e portfólios de data centers em Edge. O que torna o DMaaS único? Uma combinação de fatores, alguns dos quais já alcançáveis, e outros que se apresentam como possibilidades futuras, mas muito reais, em que os dados e as análises avançadas ganham um papel cada vez mais influente na forma como se gerem e operam os data centers – para, através deles, se ganhar em níveis de utilização, eficiência e, claro, tempo de operacionalidade. Utilização vantajosa para fornecedores de colocationNum momento em que o tempo de comercialização, a escala e a segurança são fundamentais, os fornecedores de colocation necessitam de garantir da melhor forma a agilidade, disponibilidade e eficiência operacional das infraestruturas físicas dos seus data centers. Nunca houve, realmente, dúvidas quanto à utilização de análises avançadas para apoiar a gestão ótima de DC, mas este conceito está a ser cada vez mais aplicado, agora que a velocidade da tecnologia obriga a que todos os players de mercado façam mais e melhor – por exemplo, se os fornecedores de colocation costumavam entregar um DC em seis meses, agora é-lhes exigido que o façam em quatro ou cinco. O mesmo pode ser dito acerca da redução de custos – ao longo do tempo, as tarefas mais acessíveis e exequíveis deixaram de ser incluídas no design de data centers, pelo que se torna cada vez mais difícil conseguir maior eficiência. Isto significa que, para além da energia, o staff é um dos maiores custos operacionais dos data centers. Mais do que isso: a maioria dos erros e interrupções catastróficas são causadas por pessoas, que geralmente estão a tentar efetuar as tarefas corretas, mas não possuem a informação adequada. Estes fatores colocam mais pressão do que nunca nos operadores de data centers, que estão agora a compreender que é hora de aproveitar toda a tecnologia possível para operar de forma mais eficiente e diminuir os riscos. As plataformas atuais são mais simples de utilizar e fáceis de aplicar, simplificando em grande parte a complexa arquitetura e engenharia que a gestão de data centers costumava exigir. À medida que o setor aceita cada vez melhor as plataformas DMaaS, observamos também um maior interesse em microgrids e na integração das energias renováveis nos data centers – mais do que nunca, o mercado reconhece a necessidade da adoção de estratégias mais “verdes” e as renováveis tornam-se cada vez mais acessíveis, pelo que são uma opção muito apelativa. Podemos, portanto, esperar que a conjugação desta nova forma de gerir data centers com a aplicação prática das energias renováveis possa ser uma revolução nesta área, contribuindo para uma operação mais simples, económica e fiável, e garantindo ao mesmo tempo a conformidade com os objetivos de sustentabilidade a que as empresas dão cada vez maior prioridade.
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