Marta Quaresma Ferreira em 2023-6-20

CHANNEL ON

O Futuro da Tecnologia Empresarial e o Impacto da Inteligência Artificial dos MSP

A última mesa-redonda do Channel Meetings, focada no impacto das novas tecnologias na vida das organizações e dos negócios, reuniu a Timestamp, a Singularity DE, a Noesis e a Xpand IT no mesmo debate

O Futuro da Tecnologia Empresarial e o Impacto da Inteligência Artificial dos MSP

O último painel da tarde discutiu o futuro da oferta dos Parceiros face ao impacto da IA

A inteligência artificial conquistou um lugar de destaque na opinião pública, com a importância do debate tecnológico a subir de tom após a aceleração de vários anos a que temos vindo a assistir. Com o tema “O Futuro da Tecnologia Empresarial e o Impacto da Inteligência Artificial dos MSP”, a última mesa-redonda do Channel Meetings juntou Bruno Trigo Alves, Senior Director da Timestamp, Hugo Cartaxeiro, Founder & Managing Partner da Singularity Digital Enterprise, Luís Gonçalves, Data Analytics & AI Director da Noesis e Sérgio Viana, Partner & Digital Experience e User Experience Lead da Xpand IT para a partilha de insights e das próprias experiências, com a moderação de Henrique Carreiro, Diretor da IT Insight.

 

Os setores em risco

A pandemia da Covid-19 veio, em determinados setores, acelerar o processo de transformação digital das organizações. Apesar de considerar que existem diversas velocidades, o setor público é, para Bruno Trigo Alves, o setor em que recai a maior expectativa sobre “uma mudança mais radical”, que deverá acontecer nos próximos anos, alavancada com tecnologias como a IA.

“Eu acho que vai ser muito transversal. Há estudos que apontam para que 80% da força de trabalho vá ser impactada, de alguma forma, por estas tecnologias de inteligência artificial”, defende Hugo Cartaxeiro, que destaca a facilidade de interação de forma humana destas tecnologias como a chave do atual sucesso. Relativamente a tudo o que depende do contacto humano - e que abrange uma grande parte da comunidade de serviços – pode ser “amplamente beneficiado e acelerado”. Para o Managing Partner da Singularity DE, “toda a forma de comunicação das empresas pode ser impactada por estas tecnologias”, defendendo que “a larga maioria da nossa economia há de ser impactada por estes modelos”. 

 

Luís Gonçalves, Data Analytics & AI Director da Noesis  

Luís Gonçalves considera que o “hype dos últimos meses” ao redor do impacto da IA na sociedade e nos negócios “está a forçar que todos os setores queiram avançar, queiram estar a fazer qualquer coisa”, com um salto do nice-to-have para o must-have. Para o Data Analytics & AI Director da Noesis, os setores financeiros e da saúde estão na linha da frente para a adoção deste tipo de tecnologias. Dentro das organizações, Luís Gonçalves acredita que o forecasting, a otimização de processos, o atendimento ao público e os chatbots vão ser “o grande acelerador no curto prazo”.

Com uma visão mais abrangente da adoção da IA, Sérgio Viana sublinha a expectativa que existe do lado dos consumidores, nomeadamente “a partir do momento em que as pessoas têm noção das potencialidades da tecnologia, é inevitável que comecem a esperar mais quando estão a lidar com tecnologia e isso, de alguma forma, e os últimos anos também nos mostraram isso, vai empurrar as empresas para um caminho, mais rápido do que esperariam, para implementar outro tipo de coisas”.

Esta mudança, prossegue, ocorre ao nível do B2C, B2B e dentro das organizações, derivada também ela de uma “mudança de comportamento”, fruto da adoção em massa deste tipo de tecnologias de compreensão fácil.

Empresas estão preparadas?

Apesar da curiosidade com estas novas tecnologias, nem todas as empresas estão preparadas para lidar com a introdução e o impacto que a inteligência artificial pode trazer.

Sérgio Viana, Partner & Digital Experience e User Experience Lead da Xpand IT 

 

O Partner & Digital Experience e User Experience Lead da Xpand IT considera que o debate à volta da IA “criou a vontade de fazer mais” com estas ferramentas. “Em muitos dos clientes, a base não está feita, ou seja, tudo o que tem a ver com IA no geral implica uma base bem montada, implica um trabalho bastante mais chato de falar à data de hoje de modernização em vários aspetos que uma boa parte dos clientes e das empresas não tem”, explica Sérgio Viana. A mentalidade das empresas face a estas novas tecnologias é também fundamental na hora de as implementar, com a necessidade destas organizações estarem sensibilizadas para a mudança e se tornarem mais agile.

“As empresas são obrigadas a olhar para isto neste momento como uma necessidade. Nós vivemos num mercado global: quem não acompanhar vai ficar para trás, é garantido, mas faltam muitas fundações”, acrescenta Luís Gonçalves, que defende que, apesar da vontade para construir projetos, nem sempre as empresas estão preparadas, principalmente quando as bases não estão bem fundamentadas. Para Hugo Cartaxeiro é uma questão de maturidade das organizações e da preparação das mesmas para que tirem o melhor partido da informação: “Para que estes projetos possam ser plenos e possam ser eficazes a trazer efetivo valor às organizações, é muito importante que os dados estejam disponíveis para serem consumidos, agregados, conjugados e, então sim, trazer valor”. No entanto, alerta: “brincar com o ChatGPT é uma coisa, incorporar essa tecnologia em processos de negócio é um campeonato diferente”.

 

Bruno Trigo Alves, Senior Director da Timestamp 

“Se nós queremos dotar as organizações da capacidade de forma ágil e não tanto naquele modelo burocrático, onde nós desenhamos as infraestruturas para estarem o mais estáveis possível durante quatro ou cinco anos, o desafio agora é o oposto: nós temos de desenhar infraestruturas e dotar de capacidades para on the fly os ciclos de deploy improdutivo, se for preciso, várias vezes durante o dia, em vez de ser ciclos trimestrais, com testes, tudo segregado. Agora temos de ter aqui quase ambientes auto-geridos e esses ambientes auto-geridos têm de ser, de alguma forma, governados”, frisa Bruno Trigo Alves, que sublinha a necessidade do compliance e da regulamentação do acesso à informação.

O lugar dos MSP na revolução provocada pela IA

No último ponto em debate sobre a necessidade de novos tipos de MSP ou novas competências nos MSP para endereçar a questão da IA, Luís Gonçalves considera que é necessário, tanto do lado dos clientes, como do lado dos MSP, uma atitude proativa. “O mercado está a mudar muito rapidamente, o problema da segurança põe-se desde a parte da deteção da intrusão, à observabilidade, à parte de analítica e da deteção antecipada de problemas e, portanto, é obrigação dos MSP estarem atentos ao mercado e estarem sempre a tentar que o serviço seja capaz de evoluir nesse sentido”. No caso dos clientes, é obrigação “que estejam abertos a essas iniciativas”.

Hugo Cartaxeiro considera que são necessárias novas competências nos MSP, que terão de incorporar estas novas capacidades e ser mais rápidos e ágeis, uma vez que a velocidade a que ocorrem incidentes será também mais rápida nas infraestruturas dos clientes. “Os MSP têm de se munir de capacidades de puderem ser mais ágeis e acompanhar esta velocidade; serem proativos o quanto possível e serem reativos de forma célere quando necessário”, remata.

Hugo Cartaxeiro, Founder & Managing Partner da Singularity Digital Enterprise

 

“Ainda é relativamente recente e não há propriamente recursos muito séniores já no novo modelo digital. Só somos tão séniores quanto a capacidade que temos de perceber o que é que já tínhamos feito no passado e como é que agora conseguimos tirar proveito das novas tecnologias em detrimento das funcionalidades dos clientes”, prossegue Bruno Trigo Alves, que fala numa necessidade de um “reshift de competências”, aproveitando recursos “bastante séniores noutras tecnologias mais tradicionais” que são reconduzidos para estas novas áreas graças à sua natural aptidão.

Sérgio Viana defende que é necessário “um MSP bastante mais curioso” em perceber como é que as novas tecnologias podem ser usadas para a otimização das suas operações, adquirindo novas competências. “Isso construído em cima das skills que são atingidas vai tornar o MSP uma entidade mais confortável em desafiar o cliente em inovar, em sensibilizá-lo para tudo aquilo que falámos. Chamar-lhe-ia curiosidade porque tem este impacto, quer interno, quer externo”. 

IT CHANNEL Nº 113 DEZEMBRO 2024

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