2023-6-14
A primeira mesa-redonda foi dedicada ao papel dos Parceiros no aconselhamento junto dos seus clientes que procuram adotar várias clouds, sejam elas públicas, privadas ou híbridas
A maioria das organizações não quer ter todos os seus workloads alojados apenas num local. Longe vão os tempos onde tudo ia para um só sítio e há cada vez mais empresas a utilizar soluções híbridas ou de várias clouds. Moderada por Henrique Carreiro, Diretor da IT Insight, a primeira mesa-redonda do Channel Meetings foi dedicada ao tema “Construir Serviços Geridos em Ambiente Hybrid & Multicloud” e contou com a participação de Acácio Augusto, Service Unit Manager na Warpcom, João Vicente, Head of Global Technologies Operations – Iberia na CGI, e Renato Silva, Chief Technology Services Officer na Digibéria. Enfrentar a ofertaHenrique Carreiro partilhou que, ao olhar para um diretório de serviços dos fornecedores e hyperscalers, existem centenas de serviços e isto se só estivermos a trabalhar com um único provider; se tivermos vários, a complexidade é extremamente grande. Acácio Augusto concorda que a oferta dos hyperscalers está cada vez mais complexa e “torna-se importante os MSP ajudarem os clientes”, até porque os clientes têm sempre uma ideia de que migrar para a cloud é fácil “como um estalar de dedos”, mas a multiplicidade de serviços disponíveis “torna esse processo muito mais complexo”. “É necessário aconselhar os clientes porque têm uma ideia muito simplista de que não existe complexidade”, diz Acácio Augusto. João Vicente refere que há cada vez mais serviços e, para se fazer uma “abordagem mais assertiva”, é necessário apoio. “Tipicamente, os clientes recorrem a nós para pedir esse apoio. Para nós há o desafio de fazer uma proposta de valor que vá ao encontro das expectativas, sendo que, desde logo, é preciso criar um business case; passar para a cloud não é só mover aquilo que está nos data centers para a cloud. Há que ter atenção a uma série de coisas, como a melhor opção, a governança associada, os aspetos financeiros e ver a maturidade da organização em si”, explica. Renato Silva é da mesma opinião de que, quando se chega a um portal da AWS, da Azure ou da Google, existem centenas de produtos diferentes “e pode ser um pouco confuso porque muitos destes providers acabam por dar nomes diferentes à mesma coisa, ou têm alguma coisa diferenciadora que pode ou não ser adaptável ao negócio dos clientes”. Além disso, o “patamar de conhecimento tecnológico” de muitos clientes é diferente dos que têm os MSP que “investem em certificação e formação” e, por vezes, os clientes tomam decisões e tentam ir atrás do pacote inicial oferecido para tentar desenvolver a partir daí, chegando à conclusão de que “não foi uma ideia assim tão boa como parecia de início”. Controlo de custosHabitualmente, a primeira parte das conversas com os clientes é a transformação do CapEx em OpEx, o ‘libertar do ferro’ e a promessa da simplificação. Mas depois vem a outra parte: a imprevisibilidade dos custos. Acácio Augusto indica que muitos clientes colocam o tema da imprevisibilidade dos custos ao fim de algum tempo de utilização. “Começam a ter a noção de que, muitas vezes, aquilo que estavam a estimar em termos de poupança não é o que vão atingir, até porque muitas vezes olham só para o ‘ferro’ e não para a parte das facilities, da energia, do espaço em si”. No entanto, é importante os Parceiros fazerem um estudo em conjunto com os clientes porque “a questão dos custos vai sempre repercutir mais à frente” que ajuda o cliente para o tema dos custos. João Vicente refere que é preciso remeter para o assessment inicial, o desenho e maturidade dos clientes. “Para quem usa as-a-Service já tem alguma sensibilidade para o tema de gastar mais ou menos – tem mais consumo, paga mais. Quem tem sistemas tradicionais, legados, com os servidores que tem mais ou menos espaço ocupado, o preço é igual; a conta está feita, já pagou e tem a linha de amortização”, diz. Assim, é necessário um bom desenho da solução e um bom acompanhamento para escolher face aos objetivos da organização.
Renato Silva defende que o planeamento é, naturalmente, importante, mas pode “não antecipar todas as situações e dinâmicas das empresas” até porque “mudam ao longo do tempo”. Assim, e à semelhança do que Acácio Augusto e João Vicente partilharam, o que é importante é existir um business case e um acompanhamento que, depois, “permite corrigir situações que foram antecipadas de uma forma que tem resultados diferentes”. Gerir a complexidadeOs três principais fornecedores lançam centenas de novos serviços por ano; a tendência é de existirem novos serviços todos os anos, não de diminuir. Aí, os MSP têm um papel fundamental junto dos seus clientes para os ajudar a navegar por esta complexidade.
O representante da Warpcom defende que, aqui, o papel do MSP se torna relevante porque tem de atuar como um consultor e não ser reativo. “Vão ser lançados mais ‘x’ serviços pelos hyperscalers e é preciso fazer a análise desses serviços e propor, até de uma formaativa ao cliente, aquilo que melhor se adapta à sua situação. Em Portugal, temos muito a tendência de olhar para a redução dos custos, mas também é extremamente importante aconselhar o cliente do ponto de vista de negócio: o que é que o cliente pode tirar e beneficiar de ir para um hyperscaler, de ir para a cloud, o que é que isso vai ajudar no seu negócio. Quando o cliente vai para a cloud só por custos, mais à frente vai trazer sempre uma série de questões”, partilha Acácio Augusto. O Head of Global Technologies Operations – Iberia na CGI refere que é necessário investir em formação, ter as pessoas certas e na relação com o cliente. “O cliente tem de ter connosco uma relação de confiança que lhes permita pensar que, se precisar de alguma coisa da natureza de cloud, pode contar connosco”. Partilhando o caso da CGI, a empresa tem reuniões recorrentes com os clientes para fazer pontos de situação, mas também é preciso ter proatividade e pôr em cima da mesa que o mercado está a mudar de uma determinada forma e, fazendo ou contratando determinados serviços, é possível melhorar, por exemplo, o custo ou a performance. Renato Silva diz que “os clientes dão o primeiro passo de cloud computing através de serviços – como de produtividade e colaboração – e depois querem fazer a ponte para aquilo que estão habituados a ver, como servidores, bases de dados e backup. Ao acederem a esse tipo de serviços na cloud, o nosso trabalho é reduzir a complexidade que está por trás dessas escolhas. O que temos de fazer é dizer ao cliente que aquilo a que estão habituados a ter e a dar aos colaboradores e clientes é exatamente o mesmo que queremos dar ao cliente com custos otimizados, segurança, com proteção dos dados e com flexibilidade para controlarem o crescimento”. MSP mais próximo do negócioO último ponto a debate foi o papel dos MSP neste ambiente mais complexo para as organizações, da transformação do MSP para estar mais perto do negócio do cliente. Acácio Augusto, da Warpcom, diz que “é um novo MSP que está a deixar de falar com as pessoas do IT do cliente e está a começar a falar com as pessoas do negócio, até porque o IT é, muitas vezes, visto como um custo, mas se for visto através do negócio é um investimento e é importante para o MSP estar na fase do negócio”.
João Vicente, da CGI, refere que “é mais uma ferramenta à disposição. Já vínhamos a observar a algum tempo que o tema das tecnologias de informação está mais próximo do negócio. O impacto é grande. A proximidade mantém-se, mas agora temos mais matéria para estudar e pôr em cima da mesa”. Renato Silva, da Digibéria, indica que “está provado que os negócios dos clientes, seja em que área for, dependem de alguma forma do IT. Em muitas organizações – muito mais do que antigamente – o IT já não é visto como uma função de suporte; é visto como uma área de alavancagem do negócio. Nesse aspeto, estão mais perto das equipas que lhes podem entregar os serviços. Cada vez mais falamos com toda a empresa”. |