Marta Quaresma Ferreira em 2025-3-14

A FUNDO

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Women in Tech: As conquistas e desafios da liderança no feminino

Sete mulheres, a atuar no mercado português de IT, aceitaram o nosso desafio para partilharem a sua visão sobre o papel das mulheres no mercado das tecnologias. As oportunidades, os desafios, as tendências, o equilíbrio da vida profissional e pessoal e os conselhos para as próximas gerações são o mote para uma conversa cheia de girl power

Women in Tech: As conquistas e desafios da liderança no feminino

Longe vão os tempos em que as profissões eram exclusivamente femininas ou masculinas. E a tecnologia não é exceção. Ainda que continue a ser uma área composta maioritariamente por homens, a rápida evolução tecnológica do setor do IT, a par da reorganização do mundo do trabalho, tem levado ao surgimento de novas práticas e oportunidades para que mais mulheres se possam especializar neste setor. Na União Europeia, o investimento e o incentivo à participação de mulheres em áreas tecnológicas tem-se revelado uma oportunidade, não só para contribuir para melhorar os níveis de equidade e diversidade de géneros, mas também para colmatar a necessidade de talento no seio das empresas.

A Comissão Europeia tem procurado apelar à participação de cada vez mais mulheres no contexto tecnológico, garantindo uma igualdade de oportunidades no mundo digital, uma mão de obra qualificada e que domine as TIC e uma diversidade na inovação, com equipas mais diversificadas, equilibradas e inclusivas.

Ainda assim, as mulheres continuam sub-representadas no setor, tal como noutras áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM). Embora representem 51 % da população da União Europeia, apenas um em cada três licenciados em CTEM e um em cada cinco especialistas em TIC são mulheres.

Com os olhos postos no presente, e no percurso até aqui trilhado, sete mulheres aceitaram o desafio do IT Channel para partilharem a sua história, os desafios, as oportunidades, a sua visão sobre a posição das mulheres no mundo do IT e os conselhos para as gerações de futuras Women in Tech. Acima de tudo, uma perspetiva para o futuro do IT, que também se escreve no feminino.

Qual a sua perspetiva sobre o papel das Women in Tech relativamente às tendências tecnológicas emergentes e ao clima vivido atualmente no IT?

Aroa Ruzo, Country Manager Portugal, Schneider Electric: É mais crítico do que nunca, não só devido à necessidade de maior diversidade nas equipas, mas também devido à mudança de liderança. Com a digitalização, a IA e a transição para modelos de negócio mais sustentáveis, as organizações precisam de líderes com uma visão mais colaborativa, adaptativa e centrada nas pessoas. As mulheres estão a impulsionar esta mudança. No entanto, ainda enfrentamos barreiras na representação em cargos de liderança e na tomada de decisões importantes. Para acelerar esta evolução, é fundamental continuar a promover o acesso a oportunidades de formação, mentoria e redes de apoio.

Catarina Araújo, Diretora Comercial e de Marketing, Divultec: Acredito que a diversidade é essencial para impulsionar a inovação no setor tecnológico. Como mulher em IT, vejo de perto os desafios, mas também as oportunidades incríveis que surgem quando equipas diversas colaboram. O movimento Women in Tech não é apenas sobre inclusão; é sobre trazer novas perspetivas, questionar o status quo e construir soluções mais seguras e eficazes. A tecnologia está a moldar o futuro; acredito que será tanto mais forte quanto mais inclusivo for o processo.

Céu Mendonça, Global Partner Solutions Director, Microsoft Portugal: Está a ser cada vez mais valorizado e fortalecido, com um número crescente de oportunidades, novos desafios empolgantes e o desenvolvimento de competências inovadoras. Com o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), a tecnologia alarga ainda mais a sua atuação, estando presente em áreas que não se aplicava antes ou em áreas que, anteriormente, exigiam perfis mais técnicos. Esta mudança de paradigma significa que poderemos atrair uma maior diversidade de perfis para o IT.

Maria João Paulino, Sales Manager, Zaltor Portugal: As Women in Tech desempenham um papel fundamental na definição das tendências tecnológicas emergentes e na evolução do panorama de IT, não apenas pela crescente representatividade, mas também pela diversidade de pensamento que introduzem. Persistem desafios estruturais, como a sub-representação em cargos de liderança. Deste modo, o futuro do IT será tanto mais robusto e inovador quanto mais plural for a sua força de trabalho.

Rita Lourenço, Iberia Critical Power Sales Manager Legrand, Founder & VP Portugal DC: A diversidade de perspetivas, no geral, incluindo a de género, é crucial para a inovação e para a criação de soluções tecnológicas mais inclusivas e eficazes. O clima no IT ainda enfrenta desafios de equidade e visibilidade, mas cada vez mais as mulheres estão a conquistar espaço, trazendo novas abordagens para a evolução das tendências. Num mundo ideal, não estaríamos a discutir quotas nem temas relacionados, pois tudo aconteceria de forma natural. A igualdade de oportunidades e a inclusão seriam uma realidade, sem necessidade de intervenções.

Sara Valentim, Diretora Geral, Comstor Portugal: O papel das mulheres é de extrema importância para o desenvolvimento do mercado de IT e das tendências e inovações tecnológicas, pois permite, por um lado, fazer face a uma escassez enorme de recursos especializados e, por outro, garantir a diversidade do mercado, crucial para se alinhar com a realidade atual.

 

Nome: Sónia Casaca

Cargo: Country Manager Portugal, HPE Aruba Networking

Nos tempos livres... “Sempre apreciei atividade física e, sempre que posso, dedico-me a fazer caminhadas ou corridas e também a praticar padel”

Sónia Casaca, Country Manager Portugal, HPE Aruba Networking: O setor tecnológico está em constante evolução, impulsionado por tendências como a IA, a cibersegurança e a automatização. As mulheres deste setor desempenham um papel fundamental na diversificação de perspetivas e soluções inovadoras, contribuindo para um ecossistema mais inclusivo e resiliente. No atual contexto, é essencial promover a equidade de género, assegurando que mais mulheres tenham acesso a oportunidades e influenciem as decisões tecnológicas do futuro.

Fale-nos um pouco do seu início de carreira nesta área e o que a fez enveredar pelo IT.

Aroa Ruzo, Schneider Electric: O meu percurso não foi linear, mas sempre me interessei pela inovação e pela forma como a tecnologia transforma as indústrias e os modelos de negócio. Ao longo da carreira, apercebi-me de que a tecnologia não é apenas um facilitador, mas um motor essencial. O que me atraiu foi a possibilidade de gerar impacto em grande escala, utilizando a tecnologia para otimizar processos e também para transformar o funcionamento das empresas e criar valor, o que levou a especializar-me na integração da tecnologia nas estratégias empresariais.

Catarina Araújo, Divultec: A minha ligação ao IT vem de família, o que, de certa forma, me trouxe até aqui. Entrei no setor através do marketing, na empresa onde trabalho atualmente, e rapidamente percebi a forte ligação entre marketing e vendas. Esse caminho tornou-se natural e fui trilhando-o ao longo dos últimos oito anos. No final de 2024 assumi a direção comercial da equipa do Porto na Divultec, uma função que me desafia diariamente e que encaro com enorme entusiasmo.

Céu Mendonça, Microsoft Portugal: O meu início de carreira nesta área não foi planeado. Fiz um trabalho de verão numa empresa na área de hardware e fiquei em contacto. As oportunidades seguintes foram surgindo. Estávamos numa época de explosão do mercado de informatização das empresas em Portugal e as oportunidades eram muitas. Juntei-me cedo à área de vendas e fui crescendo. Este pode ser um ângulo diferente do habitual quando se pensa em IT. O meu background académico é em Gestão e Marketing.

Maria João Paulino, Zaltor Portugal: O meu percurso em IT surgiu de forma inesperada. A finalizar Engenharia Eletrotécnica, surgiu a oportunidade de estagiar na Compaq, onde descobri um setor dinâmico e intelectualmente estimulante. Embora tenha explorado caminhos alinhados com a minha formação, foi no mundo comercial de IT que encontrei o verdadeiro fascínio: a combinação entre estratégia, inovação e o ritmo acelerado. Hoje, continuo a abraçar este desafio, evoluindo e reinventando-me.

Rita Lourenço, Legrand e Portugal DC: No início de carreira, percebi que o setor de TI oferecia um campo vasto para inovação, aprendizagem contínua e impacto directo no mundo. A minha curiosidade natural e a vontade de estar na vanguarda das mudanças tecnológicas foram as principais motivações que me levaram a enveredar pela área. Sempre fui fascinada como a tecnologia pode resolver problemas e melhorar a vida das pessoas.

Nome: Sara Valentim

Cargo: Diretore Geral, Comstor Portugal

Nos tempos livres... “Meditar, ler, passar tempo com família e amigos, treinar o meu Border Collie Pablo”

 

Sara Valentim, Comstor Portugal: O meu percurso foi um pouco contrário ao convencional, onde comecei por me dedicar à família e ser mãe. Ter começado uma carreira em IT foi completamente aleatório, sendo que a minha prioridade naquela altura era ter um emprego perto de casa, que permitisse acompanhar o meu filho bebé como eu gostaria, e aconteceu ser uma empresa da área. Percebi que era uma indústria maioritariamente masculina, e entendi isso como uma oportunidade para traçar um caminho diferente e procurar oportunidades para mudar o paradigma.

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: A minha jornada neste setor começou com uma paixão pela inovação e pelo impacto da tecnologia no mundo. Desde cedo, percebi que queria trabalhar numa área dinâmica, com desafios constantes e que pudesse transformar a forma como empresas e pessoas interagem. Fui consolidando conhecimento e experiência, o que me permitiu evoluir profissionalmente e ocupar cargos de liderança.

Quais os maiores desafios que enfrenta no desempenho do seu papel? E o que é que gosta mais?

Aroa Ruzo, Schneider Electric: Um dos maiores desafios é a gestão da mudança, especialmente na introdução de novas tecnologias ou modelos de negócio. É também um desafio promover a colaboração interfuncional entre diferentes áreas. O que mais me agrada é a capacidade de criar transformação. É muito gratificante ver como as estratégias tecnológicas podem mudar a forma como trabalhamos, melhorar a eficiência e contribuir para o crescimento da empresa. Poder desenvolver equipas, promover a aprendizagem e ver os outros crescerem é algo que valorizo imenso.

Catarina Araújo, Divultec: O maior desafio da minha função é ser uma mulher jovem numa equipa sénior e num setor ainda maioritariamente masculino. Todos os dias sinto que tenho muito a provar, mas sei que faz parte do caminho e da conquista do meu espaço. O que mais me apaixona é a relação com as pessoas: conversar, ouvir, e preocupar-me genuinamente com elas. Compreender a psicologia humana é essencial numa função que envolve gerir pessoas, expectativas e frustrações. Esse é o maior desafio, mas também o que mais me motiva e me dá prazer.

Céu Mendonça, Microsoft Portugal: O principal desafio é a capacidade de me manter atual. A velocidade a que a tecnologia evolui é a aprender. Isso é uma das coisas que mais gosto, a par com outras duas: ter o privilégio de estar em contacto com muitos clientes e Parceiros, que nos permite diariamente aprender sobre vários negócios; e o impacto que a área de IT pode ter na transformação e evolução das empresas e do mundo.

Maria João Paulino, Zaltor Portugal: No contexto comercial, a gestão de expectativas, frustrações e entusiasmos é um desafio. O mercado é dinâmico, competitivo e em constante evolução, exigindo adaptação rápida, antecipação e mentalidade orientada para resolução de problemas. O meu lema é: “No primeiro dia do mês estamos sempre a zero, independentemente de termos atingido 200% da cota no mês anterior”. É essa renovação constante, aliada ao desafio de traduzir a complexidade tecnológica em valor estratégico, que me motiva a inovar e a superar limites.

 

Nome: Rita Lourenço

Cargo: Iberia Critical Power Sales Manager da Legrand e Founder & VP Portugal DC

Nos tempos livres... “Decidi, junto com um grupo de amigos do setor, criar a Associação Portuguesa de Centros de Dados. É um projecto que me inspira a dar o meu melhor para que Portugal se destaque ainda mais. Museus, cinema, música, dança, viajar. Tenho uma paixão por várias coisas ligadas a arte e cultura!”

Rita Lourenço, Legrand e Portugal DC: Um dos maiores desafios é, sem dúvida, lidar com o preconceito de género que ainda existe em algumas áreas do setor. Ao mesmo tempo, é gratificante ver a evolução impressionante e, se não quisermos ficar obsoletos, temos de estar sempre desde há 25 anos e como mais mulheres estão a conquistar visibilidade e oportunidades. O que mais gosto no meu papel é a constante evolução e os desafios intelectuais que surgem todos os dias. É um setor que me permite aprender, crescer e, acima de tudo, contribuir para mudanças significativas.

Sara Valentim, Comstor Portugal: Um dos maiores desafios é a falta de representação. É essencial promover a educação tecnológica para jovens e mulheres, estabelecer programas de mentoria e criar políticas de diversidade e inclusão nas empresas, e essa é uma responsabilidade de todos. O que mais gosto é a oportunidade de desenvolver talento, dar suporte à minha equipa, inspirando as pessoas à minha volta com autenticidade para atingirem os objetivos e descobrirem o seu potencial pleno.

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: Os desafios são diversos: desde a necessidade de acompanhar a rápida evolução tecnológica até à promoção de uma maior representatividade feminina no setor. Contudo, é precisamente essa dinâmica e a possibilidade de fazer a diferença que tornam o meu trabalho tão gratificante. Gosto de liderar equipas, desenvolver estratégias e contribuir para o crescimento da HPE Aruba Networking em Portugal.

O que é que não pode faltar no seu dia-a-dia como Woman in Tech?

Aroa Ruzo, Schneider Electric: Auto-aprendizagem! A tecnologia evolui e manter-me atualizada é fundamental para tomar decisões. A colaboração também é essencial: criar redes de apoio com outros líderes e especialistas permite-me aprender com diferentes perspetivas e acelerar a execução de ideias. Outro aspeto é a capacidade de adaptação. Ter a flexibilidade para ajustar estratégias, experimentar soluções e aprender com os erros é fundamental para o sucesso.

Catarina Araújo, Divultec: Confiança para enfrentar incertezas, encontrar soluções inovadoras e tomar decisões com segurança. Energia e resiliência para lidar com a exigência mental e emocional de uma área em constante evolução, onde os desafios surgem a um ritmo acelerado e nos testam diariamente.

Céu Mendonça, Microsoft Portugal: Estar a par das novidades e contribuir para a sua adoção no dia-a-dia do negócio das empresas. Ser uma evangelizadora na divulgação de boas práticas e responsáveis de inovação que possam criar impacto positivo nas empresas. Se as empresas prosperarem, toda a sociedade prospera. Atualmente também não me pode faltar o meu personal assistant – o Copilot!

Nome: Maria João Paulino

Cargo: Sales Manager, Zaltor Portugal

Nos tempos livres... “A minha força motriz é a minha família e viajar é o nosso hobbie preferido, mas não prescindo de ir ao ginásio com o meu filho, de partilhar livros com a minha filha ou de conhecer um novo restaurante com o meu marido”

 

Maria João Paulino, Zaltor Portugal: Curiosidade, criatividade e resiliência. A curiosidade é essencial num setor em constante transformação. A criatividade permite converter desafios em oportunidades, aproveitando a atenção ao detalhe e o pensamento estratégico. Já a resiliência é o que nos faz evoluir—aprender com os erros, adaptar-nos e seguir em frente com confiança. É esta combinação que nos capacita para enfrentar e moldar o futuro da tecnologia.

Rita Lourenço, Legrand e Portugal DC: A curiosidade e a constante atualização são fundamentais. A tecnologia está em constante mudança, por isso, aprender todos os dias e manter-me informada sobre as tendências é essencial. O networking com pessoas e culturas diferentes é também um privilégio como ser humano. É uma área muito dinâmica, não há rotina, a evolução tecnológica é uma constante, e é algo que considero fundamental para mim.

Sara Valentim, Comstor Portugal: A primeira é a rede de apoio. A minha genuína curiosidade e constante procura em aprender; o dar visibilidade e reconhecimento da minha equipa e Parceiros. Por último o ouvir: o active listening para poder posicionar as melhores soluções para os nossos clientes, adequadas aos seus objetivos de negócio.

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: Resiliência, capacidade de adaptação e aprendizagem contínua são elementos essenciais. Além disso, a colaboração com outras mulheres no setor e a partilha de experiências ajudam a fortalecer a nossa presença e impacto na indústria.

Como é que olha para a evolução do papel das mulheres no setor do IT nos próximos anos?

Aroa Ruzo, Schneider Electric: Está a evoluir para uma maior representação em cargos de liderança. No entanto, para que esta mudança acelere, é necessário continuar a promover programas que incentivem a educação das CTEM desde tenra idade, bem como garantir que as empresas adotam políticas reais de inclusão e equidade. Nos próximos anos, espero ver mais mulheres a liderar a transformação digital e a ocupar cargos de decisão.

Catarina Araújo, Divultec: “The Future is Female” – é o que se diz. No setor de IT, essa ideia torna-se cada vez mais evidente à medida que mais mulheres assumem cargos estratégicos. Acredito que o papel das mulheres continuará a crescer, trazendo novas perspetivas, diversidade e uma abordagem mais colaborativa e inclusiva. Mais do que uma questão de representação, trata-se de competência e impacto. Ao integrar características tradicionalmente associadas à liderança feminina – empatia, escuta ativa, cooperação e resiliência – elevamos o setor a um novo patamar.

 

Nome: Céu Mendonça

Cargo: Global Partner Solutions Director, Microsoft Portugal

Nos tempos livres... “Nos tempos livres gosto de estar com a família e os amigos, ler, preparar roteiros para viagens (em especial road trips), viajar, caminhar e cozinhar”

Céu Mendonça, Microsoft Portugal: Vejo a evolução do papel das mulheres no setor de IT de forma muito promissora nos próximos anos. Acredito que estamos a caminhar para um futuro onde a presença feminina será cada vez mais significativa, impulsionada por iniciativas que promovem a inclusão e a diversidade. À medida que a cultura do setor se torna mais inclusiva, mais mulheres serão atraídas para carreiras em tecnologia, trazendo uma variedade de perspetivas e habilidades.

Maria João Paulino, Zaltor Portugal: Mais do que nunca, as mulheres têm um papel fundamental na definição do futuro do IT, trazendo novas perspetivas, maior inovação e uma abordagem mais holística para a resolução de problemas. O caminho é de crescimento e acredito que, nos próximos anos, a presença feminina no setor será não apenas mais expressiva, mas também mais influente e determinante.

Rita Lourenço, Legrand e Portugal DC: Vejo um futuro promissor para as mulheres no setor de IT. As mudanças são visíveis e a tendência de maior inclusão e diversidade está a crescer. Acredito que o papel das mulheres se tornará ainda mais relevante, com mais liderança feminina em todas as áreas tecnológicas. As empresas estão a reconhecer a importância de ter equipas diversas, o que se traduz em mais oportunidades para as mulheres, incluindo em posições de liderança.

Sara Valentim, Comstor Portugal: A presença feminina no setor de IT tem crescido e vejo que esta tendência irá perpetuar-se onde as iniciativas de diversidade e inclusão necessitam de continuar a ser implementadas, com a promoção e visibilidade dos modelos de sucesso. Vejo e desejo mais apoio entre as mulheres com suporte e sponsorship para que possamos abraçar cada vez mais lugares de liderança pela capacitação, educação e mérito.

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: O setor do IT tem vindo a progredir, mas ainda há um caminho a percorrer para alcançarmos uma verdadeira paridade de género. Acredito que, nos próximos anos, veremos mais mulheres em cargos de liderança, bem como uma maior aposta na educação tecnológica para jovens. As organizações também têm um papel crucial na implementação de políticas de inclusão.

Quais as estratégias para equilibrar a vida profissional e pessoal?

Aroa Ruzo, Schneider Electric: O equilíbrio não é estático, é gerido diariamente. Algumas estratégias que aplico incluem definir prioridades nas tarefas, delegar com eficácia e gerir o tempo com consciência. Também acredito que é essencial ter momentos de desconexão. A tecnologia permite-nos estar sempre ligados, mas, para sermos eficazes, precisamos de espaço para recarregar energias, refletir e manter uma perspetiva clara das nossas prioridades.

Nome: Catarina Araújo

Cargo: Diretor Comercial e de Marketing, Divultec

Nos tempos livres... “Sou muito ligada à família. Nos tempos livres dedico-me inteiramente a estar com eles. Gosto de treinar; adoro exercitar-me porque me ajuda a aliviar o stress, a equilibrar e a recarregar as energias. Caminhar pela cidade, tomar um banho e relaxar num bom sofá são as coisas que mais me ajudam a descontrair”

 

Catarina Araújo, Divultec: Uma das coisas que sempre admirei na minha infância foi a forma como o equilíbrio esteve presente. Procuro viver com essa mesma plenitude, estando verdadeiramente presente com as pessoas à minha volta. Quando estou a trabalhar, dedico-me por inteiro, sem distrações, e aplico essa mesma entrega à minha vida pessoal. Os meus filhos merecem-me tão focada neles quanto estou no trabalho, e é por isso que, quando estou com eles, estou mesmo lá.

Céu Mendonça, Microsoft Portugal: Este equilíbrio está, por um lado, na gestão do tempo e, por outro, na qualidade do tempo para cada momento da nossa vida. Defendo que esse equilíbrio é tão bom, quão bom for o nosso estado físico e mental. Gosto muito do que faço, e tenho tido o privilégio de passar por empresas e funções muito intensas, o que faz com que esse equilíbrio seja mais desafiante. Quando fui mãe, a gestão de tempo foi mais exigente, mas tive a bênção de ter uma rede familiar de apoio espectacular, o que me permitiu ir gerindo tudo da melhor forma possível.

Maria João Paulino, Zaltor Portugal: Equilibrar a vida profissional e pessoal no IT exige priorização, gestão eficiente do tempo e flexibilidade. Definir limites claros, planeamento estratégico e valorização da qualidade do tempo pessoal são fundamentais. No final, equilíbrio não é dividir tempo de forma equitativa, mas sim encontrar uma dinâmica que proporcione realização em ambas as áreas sem comprometer o nosso bem-estar.

Rita Lourenço, Legrand e Portugal DC: A chave está na organização rigorosa e no estabelecimento de prioridades, mas, acima de tudo, é a consciência de que o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal exige um esforço contínuo, sem garantias, com diferentes fases. Ter hobbies e outras atividades é essencial para equilibrar a vida e organizar a agenda. É importante saber retornar ao trabalho com a mente tranquila, com baterias carregadas de criatividade e novas experiências que enriquecem a nossa visão.

Sara Valentim, Comstor Portugal: Ter uma agenda estruturada onde todas as tarefas estão planificadas no meu calendário e saber que o trabalho nunca acaba e que amanhã é outro dia! Delegar para promover aprendizagem e desenvolvimento e confiar na equipa com quem trabalho são essenciais para o equilíbrio.

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é um desafio constante. Para mim, definir prioridades, delegar tarefas e estabelecer limites claros é essencial. Além disso, acredito na importância de reservar tempo para a família, amigos e bem-estar pessoal, pois isso também se reflete positivamente no desempenho profissional.

Que conselhos daria a outras mulheres que estão a considerar uma carreira no IT?

 

Nome: Aroa Ruzo

Cargo: Country Manager Portugal, Schneider Electric

Nos tempos livres... “Gosto de explorar novos sítios, ler sobre inovação e liderança e aprender algo novo. Também gosto de atividades que me permitam desconectar, como viajar, fazer mergulho e nadar - adora a água!”

Aroa Ruzo, Schneider Electric: A tecnologia é cheia de oportunidades e não devem deixar-se limitar por estereótipos ou pela falta de representação feminina em determinadas áreas. A chave é a curiosidade, a aprendizagem contínua e a procura de comunidades de apoio onde possam crescer e partilhar experiências. É igualmente importante desenvolverem confiança nas suas capacidades e não terem medo de enfrentar desafios. A tecnologia precisa de mais mulheres a todos os níveis.

Catarina Araújo, Divultec: Confiança é, sem dúvida, a chave para o sucesso. É fundamental investir na formação, incentivar desde cedo o interesse pelos estudos e apoiar na escolha certa do caminho. Ter confiança para fazer perguntas, o que nem sempre é fácil; curiosidade para explorar e aprender mais; e um pouco de ousadia para se destacar numa área ainda predominantemente masculina. E uma última dica: deixem os saltos altos de lado. São desconfortáveis e não precisamos deles para demonstrar a nossa força e poder. Invistam nos ténis e dominem, confortavelmente!

Céu Mendonça, Microsoft Portugal: Que definam os seus objetivos de carreira, nomeadamente o que gostariam de fazer e onde. É muito importante que desenhem um plano de desenvolvimento que inclua melhoria de competências. Apesar de a definição de objetivos e plano ser importante, não deixem de estar atentas às oportunidades que vão surgindo. Não deixem de se auto desafiar. A nossa carreira depende de nós próprias.

Maria João Paulino, Zaltor Portugal: A tecnologia necessita de diversidade de pensamento e de abordagens inovadoras, por isso, nunca duvidem do vosso valor nem se deixem intimidar. Participar em eventos, conferências e comunidades Women in Tech pode abrir portas e criar valiosas oportunidades. Nunca hesitem em assumir desafios. O caminho poderá ser árduo, mas a resiliência será a chave para ultrapassar as dificuldades. Acreditem no vosso potencial e lembrem-se de que a vossa presença no setor é determinante.

Rita Lourenço, Legrand e Portugal DC: O meu principal conselho seria que acreditassem nas suas capacidades e nunca se deixassem intimidar pelos desafios. A autoconfiança e o compromisso com a aprendizagem contínua são fundamentais, e isso vale para todos os géneros. A diversidade de oportunidades dentro do setor é enorme, por isso é crucial explorar e descobrir a área que mais se alinha com os seus interesses. E, se necessário, não tenham receio de mudar de direcção. Arrisquem, procurem oportunidades e invistam na formação e no conhecimento necessários para alcançar os vossos sonhos.

Sara Valentim, Comstor Portugal: Diria para se apoiarem noutras mulheres, apostarem na educação e aprendizagem, encontrarem mentores e sponsors, e trabalharem na construção da sua rede de contactos. Acreditarem em si mesmas e nunca se deixarem limitar por crenças da sociedade; serem resilientes e verem as mudanças como oportunidades de evolução, pois o IT está em constante mudança!

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: Diria para não terem medo de arriscar e investirem na sua formação. O setor de IT é desafiante, mas também repleto de oportunidades. Construam uma rede de contactos, procurem mentoria e confiem nas vossas competências. Mais do que nunca, o mundo precisa de diversidade e de mais mulheres a liderar a inovação tecnológica.

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