Rita Sousa e Silva em 2024-5-17

A FUNDO

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Visão 360º do negócio: a evolução do software empresarial

Ao oferecer uma visão global das áreas de negócio, o software de gestão impulsiona a eficiência e produtividade das organizações. Cabe aos Parceiros orientar as empresas na escolha da solução adequada às suas necessidades e garantir uma transição com sucesso

Visão 360º do negócio: a evolução do software empresarial

À medida que a transformação digital é posicionada no centro da agenda empresarial, as organizações estão a evoluir de mãos dadas com o software de gestão, procurando soluções que lhes permitam não só ter uma visão 360º do negócio, como simplificar os processos internos, promover a produtividade dos colaboradores e tomar decisões mais informadas.

O software empresarial já não se resume apenas ao Enterprise Resource Planning (ERP) ou ao Customer Relationship Management (CRM). Agora, as empresas têm ao seu dispor um conjunto de aplicações habilitadas para atender às suas necessidades específicas, com vista a adaptarem- se a um ambiente de negócios altamente competitivo.

 

Miguel Bilimória, Chief Product Officer da PHC

A tecnologia de Inteligência Artificial (IA) ou de Robotic Process Automation (RPA) tem ganhado um significado preponderante na gestão dos negócios. A automatização de tarefas repetitivas e de baixo valor, além de acelerar a sua realização e diminuir o risco de erros, “liberta recursos para focar no que realmente importa no negócio, mantendo os dados atualizados em tempo real”, afirma Miguel Bilimória, Chief Product Officer da PHC.

Desde a gestão financeira ao atendimento ao cliente, estas ferramentas resultam numa “melhoria significativa da eficiência e da produtividade em todas as áreas da organização” e numa “tomada de decisão mais célere e com base em informação fidedigna”, refere Josep Maria Raventós, diretor executivo da unidade de negócio SMB & CPA da Cegid em Portugal e África.

Em busca do software ideal

De acordo com a IDC, prevê-se que o mercado europeu de ERP cresça 10%, sendo as aplicações de gestão de capital humano (HCM) o segmento com maior crescimento, com 13,5%. Atualmente, existe uma panóplia de software empresariais ao dispor das organizações, com múltiplos recursos e funcionalidades, cabendo ao Parceiro de Canal orientar as empresas- -cliente na escolha das soluções que se adaptam às suas exigências.

António Teixeira, CEO do Grupo Pontual

 

Segundo António Teixeira, CEO do Grupo Pontual, “cada negócio é único e irrepetível” e, por isso, a personalização é chave. “As frameworks do software devem ser flexíveis e adaptáveis, de forma que as equipas de implementação possam customizar as soluções à medida de cada cliente”, sublinha.

Ademais, as empresas devem ter em consideração a questão da escalabilidade. “À medida que os negócios crescem, os softwares correm o risco de se tornarem obsoletos; assim, a capacidade de se adaptarem ao crescimento do negócio é também um fator crítico”, acrescenta. A proteção de dados sensíveis é uma preocupação comum a todas as empresas. Para Tiago Esteves, Principal Solution Engineer da Salesforce, “a segurança, combinada com a capacidade de integração e compatibilidade com outros softwares e dispositivos, são essenciais”. A isto Miguel Bilimória acrescenta que o software deve oferecer “ferramentas que garantam um alto nível de segurança e integridade, permitindo gerir perfis de acesso, proteger logins e assegurar a robustez do ERP com a integridade dos dados preservada”.

O software deve ainda suportar as “exigências de compliance aplicáveis à empresa/setor de atividades/áreas geográficas específicas”, diz Tiago Esteves. Nesta ótica, Josep Maria Raventós destaca a “evolução contínua do sistema”, considerando “muito importante que o ERP esteja em constante atualização, não só do ponto de vista tecnológico, como numa perspetiva de acompanhamento da legislação, garantindo tranquilidade no que respeita à compliance legal e fiscal e rapidez de acesso a tenologias inovadoras”.

 

Hugo Oliveira, Partners & Ecosystem Diretor Iberia da Sage

Um estudo da McKinsey revela que apenas 30% das organizações são bem-sucedidas na sua jornada de transformação digital, indica Hugo Oliveira, Partners & Ecosystem Diretor Iberia da Sage. “Muitos projetos falham por estes projetos não serem encarados como um projeto numa cultura de mudança, experimentação, aprendizagem contínua e catalisador de alta performance”, afirma, sublinhando a importância de “fazer as perguntas certas: como podemos tornar-nos mais ágeis? Acelerar a tomada de decisões? Incorporar uma obsessão pela melhoria contínua em toda a organização?”.

Um Parceiro de Canal indispensável

Um Parceiro de Canal tem a missão de não só garantir uma implementação bem-sucedida de um software de gestão, como de assegurar que o seu cliente maximiza os seus benefícios e explora todas as suas funcionalidades para otimizar os seus processos de negócio.

Josep Maria Raventós, diretor executivo da unidade de negócio SMB & CPA da Cegid em Portugal e África

 

Para Josep Maria Raventós, os Parceiros são “a ponte que liga as software houses ao mercado”, através da sua oferta de conhecimento especializado para “identificar o software que melhor se adapta às necessidades específicas de cada negócio”, bem como para “garantir um acompanhamento próximo em todo o processo de implementação do sistema de gestão”.

A complexidade das soluções de software pode consubstanciar-se como um desafio à escolha e transição para um sistema empresarial. O “conhecimento técnico” de um Parceiro deve expandir-se além da mera instalação do software, de modo a “atuar numa lógica de consultoria tecnológica, fomentando uma relação de Parceria e suporte próximo que se estende muito para além do período de implementação”, explica António Teixeira.

Esta expertise, refere Miguel Bilimória, inclui “experiência com a arquitetura do sistema, personalização, implementação de fluxos de trabalho, integração com outros sistemas e segurança”. Além disto, a gestão de projetos é essencial para “garantir a confiança e a fidelização do cliente”, envolvendo ainda “uma forte capacidade de análise e resolução de problemas” para lidar com quaisquer questões que possam surgir durante a implementação.

Assim, a escolha de um software empresarial prende-se também com “a escolha do Parceiro certo para acompanhar e evoluir os negócios das empresas”. O papel dos Parceiros de Canal é fundamental ao “ajudar os decisores a compreender as diversas funcionalidades e benefícios” e ao realizar “demonstrações práticas e desenvolvimento de protótipos, permitindo que os clientes visualizem como o sistema funcionará no seu ambiente único”.

A evolução do software com IA

Os avanços significativos em matéria de inteligência artificial estão a influenciar o software empresarial, com o lançamento, nos últimos meses, de cada vez mais funcionalidades de IA integradas.

“Tudo parte dos dados; sem eles, a IA não tem matéria-prima para gerar insights que, por sua vez, se podem transformar em melhorias para os negócios”, constata António Teixeira. Através da recolha e análise de grandes quantidades de dados, um software empresarial permite “identificar padrões, prever tendências, antecipar problemas e oportunidades”, resultando, no imediato, no “aumento da eficiência operacional” e, a médio e longo prazo, “em termos estratégicos e na otimização de recursos”.

“Não tenho dúvidas de que as empresas que rapidamente adotarem um ERP que integra nativamente o GenAI nos seus fluxos serão mais eficientes, rápidas e competitivas”, corrobora Miguel Bilimória. Segundo um estudo realizado pelo MIT, em março de 2023, “as pessoas que utilizaram o GenAI em tarefas quotidianas tornaram-se 37% mais rápidas e melhoraram a qualidade do seu trabalho em 20%”, indica. “Imagine realizar em três dias o trabalho que antes levava cinco”.

 

Tiago Esteves, Principal Solution Engineer da Salesforce

Entre diversas áreas de impacto da utilização de IA, Tiago Esteves destaca a “automação de tarefas rotineiras, com o suporte a agentes de serviço ao cliente na pesquisa das melhores soluções para o cliente final”. Outro exemplo de aplicação remete para a melhoria da tomada de decisão através do “processamento de volumes massivos de dados, identificação de padrões, diminuição do tempo de análise de dados, disponibilização de informação analítica diretamente em contexto de negócio, entre outros”. Além disto, salienta-se a melhoria da experiência de cliente, com a “previsão de comportamentos e preferências de cliente, disponibilização de chabots/assistentes pessoais 24/7, redução dos tempos de suporte ou de tempos para primeira resposta”.

Os modelos preditivos de software de gestão permitem “fazer sugestão de preenchimento automático, sugestão de encomendas com base em hábitos passados ou melhores condições de compra”, aponta Hugo Oliveira, para além de realizar “ forecasts inteligentes com base nos dados e ciclos de negócio”, “detetar erros ou prever atuações erradas e alertar para riscos eminentes”.

De sistemas legacy para novos softwares

A migração de sistemas legacy para um novo software empresarial traz um conjunto de benefícios significativos que podem impulsionar a eficiência, produtividade e competitividade de uma organização. No entanto, esta transição pode acarretar desafios.

Segundo António Teixeira, a migração pode levar a “interrupções operacionais temporárias” ou suscitar alguma “resistência à mudança por parte dos colaboradores das empresas, que, por vezes, estão habituados a trabalhar da mesma forma há muitos anos”. Para contornar estes entraves, é essencial “um planeamento cuidado e um diálogo constante entre a equipa de implementação e o cliente”.

Outro desafio, diz Miguel Bilimória, prende- se com a compatibilidade de dados, sendo que, “muitas vezes, os dados armazenados em sistemas antigos não são compatíveis com os novos sistemas sem uma conversão significativa”, o que “pode originar problemas de integridade de dados e perda de informações críticas”. Também o custo de transição pode ser um obstáculo, visto que este processo implica “uma série de investimentos e despesas que podem impactar a saúde financeira da empresa a curto prazo”.

Não obstante, as vantagens da migração para um novo software “são mais que muitas”, assegura o CEO da Pontual. Após o tempo de adaptação, as equipas começam a notar “grandes melhorias em termos de eficiência, aumento da produtividade e tarefas concretizadas de forma mais rápida”. A médio e longo prazo, os gestores podem sentir “uma redução nos custos e um aumento da competitividade”, a par de uma “maior visibilidade sobre as operações”.

“Uma organização que implemente um software empresarial que antes não tinha é porque precisa de o fazer para se manter em jogo”, frisa Hugo Oliveira. “É uma questão de sobrevivência e de garante do futuro da mesma”.

Tendências no mercado

Os rápidos avanços tecnológicos, especialmente em matéria de inteligência artificial nos últimos tempos, significam que o mercado de software empresarial está em constante evolução.

Para Josep Maria Raventós, da Cegid, as principais tendências são, “sem dúvida, a cloud e a integração da IA nos sistemas de gestão”, que dotam as empresas da capacidade de “automatizar tarefas repetitivas, eliminar erros humanos, analisar rapidamente uma grande quantidade de dados, identificar anomalias e prever problemas”.

Miguel Bilimória, da PHC, destaca as arquiteturas baseadas em microserviços, que estão a ser adotadas pelas organizações para “criar sistemas mais resilientes e facilmente escaláveis que podem ser atualizados de maneira mais eficiente”. Também as práticas de DevOps são uma tendência notória no mercado, com foco na automatização para “aumentar a eficiência e reduzir o ciclo de vida de desenvolvimento”.

Atualmente, existem diversas linhas orientadoras no desenvolvimento de software empresarial, aponta Tiago Esteves, da Salesforce, referindo as “tecnologias cloud, expansão de modelos SaaS, integração de IA e machine learning, foco em cibersegurança, plataformas Low-Code/ No-Code e Sustentabilidade/Green IT”.

Hugo Oliveira, da Sage, refere que “a tendência, que já é uma realidade, é que os sistemas sejam Cloud Native e, consequentemente, mais simples e eficazes e que, ao mesmo tempo, integrem de uma forma nativa com qualquer outro sistema ou serviço”. No futuro, os Parceiros têm de “acrescentar valor a esses serviços e soluções, criando camadas de funcionalidade por cima dessa network. Sem isto tornar-se-ão irrelevantes”, remata.

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