Rui Damião em 2023-2-20

A FUNDO

PC empresarial: potenciar a produtividade, a flexibilidade e a colaboração

O mercado de PC continua a evoluir e, apesar do momento menos positivo no final de 2022 e no início de 2023, espera-se que o mercado de computadores em todo o mundo volte a crescer, levando esse impulso para 2024

PC empresarial: potenciar a produtividade, a flexibilidade e a colaboração

É inegável que, nos últimos anos, o mercado de PC passou por uma transformação. Antes da pandemia, apontava-se o mercado de computadores como perto do seu fim, mas a verdade é que a pandemia trouxe uma nova vida para um mercado que – tudo indicava – estava estagnado.

As vendas cresceram em 2020 e 2021, anos em que os sucessivos confinamentos e a necessidade de colocar os colaboradores a trabalhar a partir de casa levou a que fossem feitos grandes investimentos nestes produtos – ainda que muitos desses investimentos possam não ter sido refletidos nos melhores dispositivos para os seus colaboradores devido à escassez.

Por outro lado, 2022 viu o mercado mundial de PC a cair 16%, de acordo com a Canalys, que analisa as vendas feitas através do Canal. O número não deixa de ser preocupante, é certo, mas, como referiu, em comunicado, Ishan Dutt, analista sénior da Canalys, este declínio é especialmente acentuado uma vez que o período correspondente em 2021 “trouxe vendas recordes de portáteis e desktops”.

2023 prepara-se a dois momentos. A curto prazo, a perspetiva é que continuem a existir dificuldades, com a Canalys a esperar uma nova contração no início do ano, ainda que os volumes totais de vendas devam permanecer superiores a 2019 e à pré-pandemia.

No entanto, a mesma empresa prevê que haverá um impulso no mercado no final de 2023, continuando em 2024. Este impulso “será reforçado por um aumento na procura por educação nos principais mercados, à medida que os dispositivos implementados durante o pico da pandemia atingem o fim do seu ciclo de vida”, explica Dutt.

Alterações no mercado

Em linha com o que aponta a Canalys, Pedro Coelho, Area Category Manager da HP, refere que “o mercado mundial de PC empresariais decresceu 28% no último trimestre de 2022, face ao período homólogo do ano anterior, em virtude da incerteza e complexidade do atual cenário económico o que leva as empresas a assumir uma postura mais conservadora nalguns investimentos”. Por outro lado, diz, “caso comecem a surgir indicadores positivos na gestão da inflação, há fatores como a execução do PRR e a necessidade da migração para Windows 11 que podem acelerar o aumento da procura”.

 

Carlos Serna, SMB & Channel Director para Portugal e Espanha da Lenovo

Carlos Serna, SMB & Channel Director para Portugal e Espanha da Lenovo, afirma que, nos últimos três anos, foram “várias e significativas” as alterações no mercado, que inclui não só a necessidade de novas soluções e produtos, mas também a alteração dos hábitos de consumo.

“Num momento em que a dimensão do mercado para PC e tablets diminuiu a curto prazo, espera-se que se mantenha estável a longo prazo e a níveis superiores aos pré-pandémicos. Os principais catalisadores que sustentam a indústria de PC, olhando para o futuro, são o modelo de trabalho híbrido e a procura de equipamentos premium para áudio/vídeo/ conetividade. Tal significa uma mudança do mercado de PC e aumento do ASP devido a uma maior procura de características premium”, refere Serna.

Já Nélson Martins, Channel Manager da Asus, acredita que “vamos continuar a assistir à modernização e alteração dos postos de trabalho nas organizações com o objetivo de afirmação do modelo de trabalho híbrido iniciado nos anos anteriores e que faz já parte do novo futuro e da estrutura das organizações”. Ao mesmo tempo, explica, “irá existir também uma preocupação cada vez maior com o ambiente e a sua sustentabilidade, fazendo com que as empresas procurem soluções não só a nível do produto e serviço, mas também a pensar num futuro mais sustentável”.

Ana Salvador, Partner Development Manager de Surface na Microsoft Portugal, lembra que o mercado tem passado por mudanças significativas nos últimos anos, principalmente com a evolução da tecnologia e as alterações das necessidades de negócio. A segurança, por exemplo, tem-se tornado numa preocupação crescente; por outro lado, o “aumento do uso de dispositivos conectados e IoT tem criado necessidades para as empresas, como a gestão de dispositivos e análise de dados – o que tem levado a um aumento na necessidade de PC. Igualmente, a transição para modelos de trabalho híbrido veio reforçar a necessidade de PC mais flexíveis e fáceis de utilizar para garantir a mobilidade e produtividade a partir de qualquer lugar”.

Mais flexibilidade, maior liberdade

“As empresas têm sempre em vista potenciar a produtividade”, relembra Carlos Serna. Para isso, é necessário “contar com material, equipamentos, softwares e soluções confiáveis. Se a tecnologia tem um papel primordial para a produtividade, é fulcral que a mesma possibilite segurança, principalmente numa altura em que o teletrabalho ou registos de trabalho híbridos ainda são tão frequentes”.

Ao mesmo tempo, diz o representante da Lenovo, também são importantes as “ferramentas que permitem uma colaboração cada vez mais imersiva e imediata entre equipas”, empresas e Parceiros.

Nélson Martins, Channel Manager da Asus

 

Nélson Martins refere que, no mercado profissional, existe uma “procura por vários tipos de soluções consoante as necessidades das diferentes organizações”. Neste mercado, há vários pedidos de produtos, nomeadamente para notebooks, desktops, monitores, All-in-One ou acessórios e bundles formados por PC, monitor e acessórios, “onde os componentes de última geração e maior performance são os mais valorizados”. Simultaneamente, já existe uma preocupação com a sustentabilidade e “são pedidas soluções com certificação EPEAT, Energy Start e RoHS”.

“No espaço empresarial, essencialmente, tenta-se, em primeiro lugar, que as características se adaptem às necessidades do trabalho desempenhado pelo utilizador final, sendo que começam a ganhar destaque os form factors mais leves e facilmente transportáveis”, indica Ana Salvador, da Microsoft. Com as preocupações em torno da segurança a aumentar, as empresas olham para o investimento como um posto de trabalho completo – ou seja, o hardware e a gestão de cloud – e não apenas para as características físicas e preço.

Pedro Coelho, da HP, menciona que, “com a consolidação do trabalho híbrido, os colaboradores ambicionam maior flexibilidade e liberdade e isso reflete-se em maior exigência sobre o seu PC”. Atualmente, os colaboradores querem “um PC que lhes permita estar conectados e produtivos ao longo do dia, seja no escritório, em casa, ou em movimento. Exige-se melhor qualidade de áudio com tecnologias que permitem eliminar o ruído ambiente” ou “que lhes permita trabalhar em pé, ao redor do portátil, sem que isso afete a captação de som”.

Segurança do dispositivo

Com a cibersegurança, de um modo geral, cada vez mais na ordem do dia, a segurança do PC ou do dispositivo é, naturalmente, cada vez mais importante para as organizações e os fabricantes têm feito um esforço para colocar mais soluções de raiz nos seus dispositivos.

Pedro Coelho indica que “o trabalho híbrido aumentou a superfície de ataque aos equipamentos pessoais” onde “os utilizadores estão mais vulneráveis por deixarem a proteção das redes corporativas”. Para isso, “torna-se fundamental optar por sistemas de segurança hardware-based, integrados nos equipamentos pessoais, que operem ao nível da BIOS e firmware dos equipamentos e que tenham capacidade de deteção e autorrecuperação em caso de ataque. Apesar da maior consciencialização para a necessidade de reforçar a segurança do PC, regista-se ainda a ausência de requisitos de segurança em procedimentos de aquisição, ou a opção por requisitos mínimos que não são proporcionais ao grau de ameaça a que estes dispositivos estão expostos. O investimento em equipamentos mais robustos ao nível da segurança não é proibitivo e facilmente se justifica em qualquer análise de retorno, quando tido em conta o elevado risco de perda de dados ou credenciais”.

Carlos Serna, da Lenovo, concorda que “a segurança é uma parte fundamental nos negócios, e reconhecemos a importância dos gestores e responsáveis das empresas em poderem contar com soluções abrangentes de segurança. Opções de plataformas de segurança cibernética personalizáveis que fornecem confiança completa de sistemas, incluindo equipamento, identidade, dados, além de cobrir áreas essenciais de forma a evitar quebras de privacidade e ataques são fundamentais para empresas que adquirem equipamentos”, até porque, “num momento em que o teletrabalho continua em tendência, acabaram também por aparecer novas técnicas criminosas que se aproveitam até da tecnologia mais sofisticada”.

 

Ana Salvador, Partner Development Manager de Surface na Microsoft Portugal

Ana Salvador defende que “a segurança é um fator crucial na aquisição de novos equipamentos pelas empresas. O mercado empresarial está cada vez mais consciente dos riscos cibernéticos e da necessidade de proteger os dados e dispositivos. Estes fatores podem incluir a escolha de PC com hardware de segurança incorporado – como leitores de impressão digital ou reconhecimento facial –, bem como a implementação de software de segurança e ferramentas de gestão de dispositivos. A compatibilidade com as políticas de segurança da empresa e a capacidade de atender aos requisitos regulatórios podem também ser considerações importantes na escolha de novos equipamentos”.

Nélson Martins, da Asus, concorda que a segurança “é cada vez mais importante e valorizada”, até porque “mais de metade das PME sofreram um ataque informático nos últimos dois anos e isto provocou enormes desafios às equipas de IT, principalmente na forma de gerir equipamentos à distância, fruto da alteração a que estamos a assistir”.

Endereçar o mercado

Sabendo que o mercado nacional não é assim tão grande, continuam a existir “inúmeras oportunidades nas organizações” para o Canal de Parceiros endereçar, diz Nélson Martins. “Os Parceiros de Canal devem ser rápidos e assertivos, trabalhar em proximidade e propor soluções que se enquadrem nas necessidades do cliente final”.

Ana Salvador aponta que os Parceiros de Canal “podem abordar o mercado nacional de PC empresarial através de soluções personalizadas, ao compreenderem as necessidades específicas das empresas e disponibilizando soluções que correspondam a esses requisitos; de suporte e formação que ajude as empresas a implementar e a gerir as soluções; da disponibilização de serviços de consultoria que orientem as empresas na identificação dos riscos e implementação das medidas de segurança necessárias; no estabelecimento de Parcerias estratégicas com outras empresas que permitam a oferta de soluções completas e integradas e, ainda, mantendo-se a par das novidades e tendências de mercado, de forma a oferecer as melhores soluções e apoio aos seus clientes”.

Pedro Coelho, Area Category Manager da HP

 

Para Pedro Coelho, os Parceiros podem “assumir-se como consultores de elevado valor com a capacidade de apoiar os clientes na migração para as diferentes modalidades de trabalho híbrido”.

“Os Parceiros podem atuar na seleção de PC otimizados para colaboração, mobilidade e segurança, na implementação de novas tecnologias colaborativas, para uso individual ou redesenhando o escritório com mais espaços de interação entre equipas, ou na definição e execução de serviços que permitem aos clientes externalizar competências nas áreas de gestão do parque informático, helpdesk, suporte reparação, segurança ou mesmo reciclagem, entre outras que acompanham o ciclo de vida dos equipamentos”, indica o Area Category Manager da HP.

Carlos Serna relembra que é importante que os Parceiros estejam perto dos clientes e fabricantes, assim como colaborarem com outros Parceiros de negócio. É também importante o investimento em quatro áreas, nomeadamente a consultoria, aconselhamento tecnológico e verticalização para soluções de ponta a ponta; a expansão do portfólio; novos modelos de negócio, como DaaS ou pay-per-use; e o recrutamento de novas competências, retenção e desenvolvimento de talentos.

Procura pelo DaaS

Device-as-a-Service, ou DaaS, é uma evolução nos modelos de comercialização de dispositivos do qual os Parceiros podem tirar partido.

Nélson Martins acredita que as soluções DaaS são “o próximo passo”, resultado “do passo digital que as organizações estão a dar, juntamente com a utilização cada vez maior da Internet e sistemas cloud em simultâneo e, também, pela facilidade e flexibilidade que permite a quem faz a gestão dos sistemas de IT”.

A Partner Development Manager de Surface na Microsoft Portugal refere que “o DaaS tem sido procurado cada vez mais pelas organizações, sobretudo com a popularidade da adoção de soluções de cloud e a necessidade de dispositivos móveis e flexíveis para os trabalhadores. À medida que as empresas procuram uma maior eficiência e reduzir os custos operacionais, o DaaS surge como uma opção atrativa, pois permite que as empresas adquiram apenas o que precisam e, assim, reduzam os gastos com manutenção e atualização de dispositivos. Além disso, o DaaS permite que as empresas adotem novas tecnologias, como dispositivos 5G, sem precisar fazer grandes investimentos”.

Para Carlos Serna, “uma vez que as empresas são desafiadas a equilibrar cada vez mais as necessidades de produtividade dos colaboradores com as restrições em matéria de recursos e orçamento, sobretudo quando os projetos críticos exigem atenção imediata, programas e soluções DaaS acabam por ser muito procuradas, para que as empresas possam reduzir os ciclos de atualização, oferecer a tecnologia mais recente, e otimizar a implementação e a gestão dos dispositivos de utilizador final”.

Pedro Coelho afirma que o modelo DaaS “continua a revelar-se um modelo eficaz para gerir uma diversidade de equipamentos, de PC a estações de trabalho e dispositivos móveis, até mesmo em ambiente com vários sistemas operativos. Cada vez mais empresas optam por contratar serviços de subscrição aos seus Parceiros porque não pretendem que os seus recursos internos, e por vezes escassos, sejam alocados a áreas menos prioritárias para o seu negócio, e onde entidades externas têm as competências necessárias para acompanhar os desafios complexos dessas áreas”.

Comercializar modelos DaaS

Assumindo que o DaaS é uma tendência crescente junto dos Parceiros nacionais, Ana Salvador refere que, para tirar o máximo proveito do modelo, “os Parceiros nacionais devem ter, entre outros fatores, conhecimento técnico aprofundado sobre as soluções e como podem beneficiar as empresas, incluindo a compreensão de como os dispositivos são geridos ou como os serviços de suporte são fornecidos”, assim como “a personalização das soluções para atender às necessidades específicas de cada cliente, o que pode incluir a disponibilização de pacotes de serviços diferentes e adaptação às necessidades de segurança e conformidade” e, também, “a prestação de serviços de suporte e manutenção de qualidade para garantir que os dispositivos funcionem corretamente e estejam sempre atualizados e a integração das soluções DaaS com outras, como soluções de gestão de dispositivos móveis e de segurança cibernética”.

Por seu lado, Pedro Coelho indica que a adoção dos modelos DaaS “exige a alguns Parceiros passar de um posicionamento de fornecedor de equipamentos para prestador de serviços. É um posicionamento que garante uma presença mais regular no cliente e com maior valor, o que depois se traduz na capacidade de gerar mais negócio e alavancar a preferência do cliente pelas suas soluções”. No entanto, diz, “isto pode implicar uma reorganização do Parceiro e a aquisição de novas competências”.

Carlos Serna, da Lenovo, refere concordar que esta é uma tendência em território nacional que “minimiza o investimento inicial e desloca os seus custos de IT de ficos para variáveis, proporcionando também flexibilidade. Além disso, o Parceiro elimina o risco de não pagamento e efetua a cobrança em 24-48 horas. Não são necessárias características especiais, mas é necessário ter acesso não só ao departamento de TI ou de compras, assim como à gestão financeira, gestão geral, uma vez que é necessário agir com estes interlocutores”.

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