PC empresarial, o coração das organizações modernas

O PC está bem e recomenda-se. Longe vão os anos desde que as análises de vendas de dispositivos mostravam sempre um decréscimo. É certo que o mercado pode não estar tão saudável quanto já foi no passado, mas também já não está tão mau quanto antes.

A pandemia trouxe uma nova vida ao computador pessoal, particularmente aos dispositivos portáteis. Agora, em 2025, com a chegada em definitivo da inteligência artificial ao PC, smartphones e tudo o que são dispositivos pessoais, a procura por estes equipamentos tem vindo a crescer.

Estes crescimentos não são astronómicos; a IDC refere que no quarto trimestre de 2024 as vendas mundiais de computadores pessoais cresceram 1,8% em relação ao mesmo período de 2023 e indica um aumento de 1% em 2024 em comparação com 2023. Já a Canalys – que analisa as vendas feitas através do Canal de Parceiros – registou o quinto trimestre consecutivo de crescimento nos últimos três meses do ano (mais 4,6% em relação ao último trimestre de 2023), com a totalidade do último ano a registar um crescimento de 3,8%.

A evolução do computador empresarial

	Ricardo Vilaca, Key Account Manager B2B da Acer Portugal

Ricardo Vilaca, Key Account Manager B2B da Acer Portugal, explica que, em Portugal, a evolução dos PC na área empresarial “tem sido uma realidade”. Por um lado, por causa da “computação em cloud” que “obrigou à adoção de soluções diferentes” e, por outro, pela análise, por parte das empresas, de grandes quantidades de dados para “obter insights valiosos” e, assim, “melhorar a tomada de decisões”. Também a cibersegurança foi “um ponto fulcral” que “obrigou as empresas a terem como prioridade a proteção de dados sensíveis”.

Pedro Fragoso, Business Personal Systems Category Manager da HP Portugal, refere que o PC em contexto empresarial sofreu “profundas transformações”, onde a “ascensão de tecnologias emergentes” e a “alteração dos padrões de utilização” têm “catalisado mudanças substanciais, tornando os PC não apenas ferramentas de trabalho, mas também hubs de inovação, produtividade e segurança”. Estas alterações, acrescenta, têm impacto na forma “como as empresas operam e interagem com a tecnologia”.

Na mesma linha, Rui Gouveia, Channel Sales Manager da Lenovo Portugal, defende que os PC empresariais “passaram por uma verdadeira transformação” onde o mercado “tem mostrado uma evolução significativa”. Aqui, há duas “tendências de adoção”: uma é o fim do suporte ao Windows 10 previsto para o final do ano que impulsiona “a renovação de equipamentos e a criar mais oportunidades no mercado”; a outra é a Inteligência Artificial (IA).

2025, “o ano do PC de IA”

Um relatório da Forrester aponta 2025 como “o ano do PC de IA”, sendo uma “nova ferramenta” para “criar valor” nas organizações. A Forrester define um PC de IA como “um PC com um chip de IA e algoritmos especificamente concebidos para melhorar a experiência dos workloads de IA na unidade de processamento do computador (CPU), unidade de processamento gráfico (GPU) e unidade de processamento neural (NPU)”.

Após o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022, explica a Forrester, a ideia de um computador que tire mais-valias da IA generativa ganhou a atenção dos líderes das organizações. O PC de IA “captou a imaginação da indústria” porque promete “aumentar a produtividade dos colaboradores”, “melhorar a experiência de colaboração”, “otimizar a performance e a longevidade do dispositivo”, “entregar computação personalizada” e “apoiar o bem-estar do empregado”, diz a Forrester.

Este relatório da Forrester, lançado em 2024, defende que “a adoção do PC de IA é inevitável”, mas que essa renovação não iria acontecer nesse mesmo ano. Porquê? Porque, apesar dos benefícios para os colaboradores, isso “não é suficiente para convencer os compradores de IT a fazer um all in nos PC de IA”.

A compatibilidade influencia a compra de PC e impacta a experiência, pode ler-se no relatório da Forrester. No entanto, as considerações económicas, de privacidade e de segurança vão desempenhar um papel ainda mais importante na altura de adquirir um PC de IA.

Assim, as organizações vão investir em PC de IA porque, em comparação com os modelos alojados na cloud, estes equipamentos trazem benefícios como melhoria nos custos, aumento da privacidade e tempos de resposta de segurança mais rápidos.

Os representantes da Acer, da HP e da Lenovo contactados pelo IT Channel defendem em uníssono que a principal inovação tecnológica a impactar os PC empresariais recentemente foi a inteligência artificial.

Pedro Fragoso, Business Personal Systems Category Manager da HP Portugal

Pedro Fragoso refere que a IA está “a evoluir para uma arquitetura híbrida que combina a computação em cloud e a computação no próprio computador”. Este desenvolvimento, diz, “permite que os dados gerados nos computadores sejam processados localmente, sem a necessidade de transmissão constante para a cloud, o que reduz a latência e a largura de banda necessária”.

Do lado da Lenovo, afirma Rui Gouveia, esta área já conta com cerca de 80 produtos preparados para IA que vão desde computadores com IA integrada até soluções de infraestrutura, como serviços de computação edge, que “estão a ganhar destaque devido à crescente necessidade das empresas de processar dados em tempo real”.

Já para Ricardo Vilaca, o “aparecimento da IA” e a “consciencialização de que sistemas operativos e hardware permitem às empresas estarem mais protegidas” foram “as duas inovações tecnológicas mais relevantes nos PC empresariais”. Depois, “a integração de tecnologias como a computação em cloud, a virtualização e a IA tem permitido às empresas otimizar as suas operações e melhorar a eficiência”.

Fim de vida do Windows 10

É certo que a inteligência artificial é uma das razões para a compra de novos computadores, mas o fim de suporte ao Windows 10, que acontece em outubro de 2025, é, também, outra razão.

O mesmo relatório da Forrester defende que 2025 é o ano em que as organizações vão comprar PC de inteligência artificial e uma das razões é, efetivamente, o fim de vida do Windows 10.

O relatório em questão aponta que “com o fim da vida útil do Windows 10 a chegar em outubro de 2025, a Forrester espera que muitos alinhem a adoção do PC de IA com a próxima versão do Windows 11”.

Um relatório de novembro de 2024 da TrendForce aponta que o mercado de portáteis deverá crescer cerca de 4,9% em 2025, mas este aumento não se deve necessariamente aos computadores prontos para IA, mas sim os ciclos de atualização comerciais e, principalmente, o fim do suporte ao Windows 10.

Fonte de receitas para os Parceiros

Rui Gouveia defende que os PC empresariais representam “uma fonte de receita crucial para os Parceiros de Canal”. Atualmente, diz, existe uma “crescente procura por dispositivos empresariais mais inteligentes e eficientes” e, assim, é “fundamental continuar a criar as condições ideias para que os Parceiros possam crescer”.

Para Ricardo Vilaca, os PC empresariais são uma fonte de receita “fundamental” para os Parceiros. “Portugal tem, sem dúvida, uma rede empresarial forte e pujante que é, na maior parte das vezes, muito adepta da mudança e da evolução rumo ao futuro”, explica, acrescentando que o tecido empresarial português tende “a adotar as últimas novidades que o mercado lhes oferece”. Depois, do lado do Estado, Portugal “investe bastante em novas tecnologias, quer para as escolas quer para a administração pública”. O representante da Acer defende, ainda, que “os PC empresariais são uma porta de entrada para a venda de serviços adicionais, como suporte técnico, manutenção e soluções de software”.

Com o PC empresarial a estar no centro da “infraestrutura de IT de qualquer empresa moderna”, Pedro Fragoso explica que esta necessidade gera “uma procura constante por dispositivos atualizados, seguros e eficientes”. A venda de PC empresariais, defende, “permite aos Parceiros oferecer uma gama completa de serviços adicionais como manutenção, suporte técnico e atualizações, criando assim fluxos de receita recorrentes”. Deste modo, “ao fornecer um pacote completo, os Parceiros de Canal de IT podem posicionar-se como consultores de confiança, capazes de atender às necessidades tecnológicas das empresas de forma holística”.

A estratégia para o Canal

Ricardo Vilaca afirma que os Parceiros de Canal devem ser “resilientes”. Com o objetivo de maximizar as suas receitas com a venda e suporte de PC empresariais, a estratégia para os Parceiros deve passar por “estar atento às oportunidades que estão sempre a aparecer”. Ao mesmo tempo, devem “saber aconselhar, conhecer as mais-valias que o produto lhes oferece e, sobretudo, perceber a sua posição face à concorrência”. Também é importante “investir em formação contínua para a equipa de vendas para que estejam sempre atualizados sobre as últimas tendências e tecnologias”.

Pedro Fragoso defende que os Parceiros de Canal devem “adotar uma estratégia multifacetada”. Primeiro, devem apostar na “formação como pedra angular para o conhecimento aprofundado dos produtos e soluções oferecidas”. Para além do produto, é “crucial oferecer pacotes de serviços completos que incluam manutenção, suporte técnico e atualizações regulares”, sendo que “estes serviços garantem um fluxo de receita recorrente e aumentam a satisfação e lealdade dos clientes”.

	Rui Gouveia, Channel Sales Manager da Lenovo Portugal

Rui Gouveia refere que os Parceiros podem focar-se “numa abordagem consultiva, oferecendo soluções completas aos seus clientes que vão ao encontro das suas necessidades e os ajudem na resolução dos seus problemas”. O representante da Lenovo aponta, ainda, que a inteligência artificial e as soluções de edge IA são “áreas promissoras e podem ser um diferencial importante para os Parceiros que saibam posicionar essas tecnologias junto dos seus clientes”.

Oportunidades para os Parceiros em Portugal

Desafiados a olhar para o mercado nacional e para os Parceiros de Canal, os representantes da Acer, HP e Lenovo partilham aquelas que, na sua visão, são as oportunidades em Portugal para o Canal.

Reforçando que “Portugal sempre foi um país adepto e recetivo a nova tecnologia”, Pedro Fragoso, da HP, diz que “a crescente digitalização das empresas portuguesas e a transição para modelos de trabalho híbridos geram uma procura contínua por PC empresariais atualizados e eficientes”. Assim, este cenário permite aos Parceiros não venderem apenas hardware, mas também serviços associados”.

Sabendo que a venda de PC pode ser uma porta de entrada para a venda de outros serviços e soluções, “os Parceiros de Canal no mercado português de PC empresariais têm a oportunidade de se posicionar como consultores tecnológicos holísticos, oferecendo não apenas produtos de alta qualidade, mas também serviços e soluções que atendem às demandas crescentes de um ambiente de trabalho moderno e digitalizado”, acrescenta Pedro Fragoso.

Rui Gouveia, da Lenovo, relembra que “o mercado português de PC empresariais está a crescer, especialmente no segmento de PME que tem demonstrado maior agilidade na adoção de novas tecnologias”. Depois, “a renovação de equipamentos devido ao fim do suporte ao Windows 10 e a crescente adoção de soluções de IA são grandes oportunidades para os Parceiros”.

Já Ricardo Vilaca, da Acer, diz que “só é preciso que o Parceiro esteja preparado para abraçar” as oportunidades que “estão sempre a surgir”, seja no setor privado ou público”. Assim, “a digitalização das pequenas e médias empresas e os investimentos em tecnologia por parte do governo são áreas com grande potencial de crescimento. Além disso, a crescente procura por soluções de cibersegurança e a transição para o trabalho remoto e híbrido abrem novas oportunidades para os Parceiros de Canal”, defende.