Rui Damião em 2020-3-24

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O papel do computador dentro das organizações

O computador empresarial continua vivo dentro das organizações. São regularmente o principal equipamento que os colaboradores utilizam no seu trabalho diário. Escolher o melhor computador nem sempre é fácil; é preciso saber as necessidades e qual o orçamento disponível

O papel do computador dentro das organizações

O computador, seja ele um desktop ou um portátil, continua a ser um dos pontos mais importantes das organizações. É através deles que se criam propostas de negócio, que se fazem as análises necessárias para compreender determinados pontos e se desenvolvem novas soluções. É um facto que muito do que se faz atualmente num computador se pode fazer, também, num smartphone ou num tablet, mas, em termos empresariais, o computador continua a ser o dispositivo mais escolhido e utilizado para a larga maioria das operações.

O Bring Your Own Device (BYOD) não teve um impacto significativo em Portugal e continua a recair sobre as empresas a responsabilidade de escolher o equipamento que o colaborador vai utilizar.

A escolha do equipamento certo é crucial. Um computador lento pode significar que, no final de um ano, se perdeu algumas horas de trabalho. Um computador mais rápido é, por norma, mais caro e pode ser um investimento que nem todas as empresas podem fazer. Aqui, o Parceiro tem um papel preponderante: depois de conhecer o cliente final, deve aconselhar aquela que é a melhor máquina disponível para o orçamento que está disponível, explicar as vantagens e desvantagens das várias escolhas disponíveis.

O que as empresas procuram 

Cada caso é um caso e não há uma solução one size fits all. Naturalmente que há empresas que procuram mais um tipo de dispositivo porque é o que faz sentido para a sua atividade de negócio, mas, de um modo geral, quando se procura por um determinado tipo de portátil é porque existe um pressuposto de que é necessário para aquele(s) colaborador(es).

Dividindo os portáteis em pequenos (entre dez e 13 polegadas), médios (14 e 16 polegadas) e grandes (17 e 18 polegadas), é possível perceber algumas das razões que levam as empresas a escolher um determinado dispositivo e não outro.

No caso das empresas que escolhem portáteis pequenos, tipicamente é porque são mais leves. Depois, ainda que não tenham os processadores mais rápidos e potentes do mercado, os portáteis deste segmento são capazes de dar conta do recado da larga maioria das tarefas de produtividade. A bateria depende de dispositivo para dispositivo, mas costuma ter capacidade para perto de um dia de trabalho sem a necessidade de ligar à corrente.

No segmento médio, as empresas procuram o balanço ideal entre performance, mobilidade e preço. Estes modelos costumam ser boas escolhas para os utilizadores que nem sempre têm de sair do escritório com o portátil. Simultaneamente, também podem ser facilmente configurados para substituir por completo um desktop.

Já os grandes modelos são a escolha das empresas que querem, de facto, um substituto do desktop, grande o suficiente para estar numa divisão, mas que entreguem a portabilidade necessária para levar o dispositivo para outras divisões. Por norma, estes equipamentos utilizam os melhores processadores disponíveis, assim como discos rígidos interessantes que disponibilizam uma grande quantidade de armazenamento. Por fim, o facto de os ecrãs serem maiores facilita o trabalho diário, sendo mais confortável para trabalhar com múltiplas janelas, por exemplo.

Escolher um novo dispositivo 

Com a escolha que há no mercado, nem sempre é fácil escolher o dispositivo certo para os colaboradores. O primeiro passo é definir o orçamento disponível; muitas vezes, as empresas que não definem um orçamento inicial acabam ou por gastar de mais, ou por não gastar tanto e ficam com equipamentos que não entregam o que é necessário para a empresa.

Depois, é preciso escolher o sistema operativo. É importante que a maioria – se não mesmo todos – dos colaboradores utilizem o mesmo sistema operativo. A escolha recai, naturalmente, entre OS X, da Apple, e Windows 10, da Microsoft. O ChromeOS ainda não está muito disseminado em Portugal e é pouco provável que muitas empresas optem pela alternativa da Google. Por norma, as empresas escolhem o Windows, exceto em casos pontuais onde o sistema operativo da Apple entrega um melhor resultado.

Para algumas empresas, o design pode ser importante. Mais importante é se, por exemplo, o portátil é confortável de utilizar. O teclado, por exemplo, pode não ser fácil de utilizar e ter um teclado confortável é um imperativo para muitos utilizadores. Depois, claro, existe a opção de ter um ecrã touch, que pode fazer sentido para um certo tipo de utilizadores. A mobilidade, se é ou não pesado, por exemplo, é outro fator importante, tendo em conta que estamos a falar de um computador portátil.

Por fim, existem as questões mais técnicas: CPU, memória e armazenamento e bateria costumam ser os pontos mais importantes para qualquer tipo de utilizador, seja ou não empresarial.

Se o colaborador passa muito tempo fora do escritório, escolher um portátil com uma boa bateria é de extrema importância, uma vez que nem sempre terá acesso a energia elétrica para carregar o equipamento. Se, por outro lado, a maioria do tempo é passado dentro de portas, este é um ponto menos importante. Quando se fala de armazenamento, é preciso ter noção se, por norma, os documentos ficam guardados na cloud e no computador em si. Em muitas organizações, os ficheiros ficam guardados na cloud e, assim, não é necessário um armazenamento interno tão grande, uma vez que o armazenamento típico (entre 128 e 256GB) é suficiente.

Por fim, a CPU é, possivelmente, o ponto mais importante destas especificações mais técnicas, uma vez que terá um grande impacto na utilização do equipamento. É preciso perceber a real utilização que se vai dar ao equipamento e comprar um portátil com um CPU em concordância; muitas vezes são comprados processadores topo de gama sem que se utilize todo o seu potencial.

Tendências: o nascimento dos ecrãs dobráveis

O início do ano de 2019 viu os primeiros smartphones dobráveis. Mais perto do meio do último ano, a Lenovo apresentou o Carbon X1 Fold, aquele que é o primeiro computador portátil com ecrã dobrável.

O conceito ainda é muito recente e não chegará assim tão cedo às empresas, mas não deixa de ser interessante debruçar sobre o tema. Atualmente, ainda há muitos desafios que têm de ser endereçados, como a interface das aplicações. O dispositivo apresentado pela Lenovo, por exemplo, conta com a possibilidade de colocar um teclado entre os dois ecrãs quando não estão a ser utilizados.

O computador continua a ser um dispositivo de produtividade o que significa que os utilizadores procuram ter uma interação fácil que tem de ser preservado. Anteriormente, foram testados software de teclados que funcionam no ecrã, mas, para um ambiente empresarial, a opção não é viável.

Tal como aconteceu com os dispositivos 2-em-1, ainda há um longo caminho para os portáteis com ecrãs dobráveis. Não será certamente em 2020 que as empresas vão investir em larga escala neste tipo de equipamentos, mas, como sempre, podem existir casos em que esta seja a solução.

Mobilidade

Para muitas empresas, a mobilidade é a principal razão de escolher um portátil. As atuais forças de trabalho estão em constante movimento e um desktop não é uma opção para muitos deles.

Quando se fala de mobilidade, levanta-se sempre a questão da segurança dos dispositivos. Existem casos de computadores portáteis infetados em redes públicas que, depois, acabam por infetar outros computadores da empresa.

Este é, provavelmente, o grande problema da mobilidade que nem sempre é endereçado. Nas empresas de menor dimensão continua a existir a ideia de que as empresas são demasiado pequenas para serem um alvo e acabam por descurar a segurança dos dispositivos, onde se incluem os portáteis que, por uma razão ou por outra, passam mais tempo fora de portas do que no escritório.

No que diz respeito a mobilidade, o 5G será a grande novidade para 2020. O dia 1 de julho de 2020 é o dia marcado para o 5G começar a funcionar em Portugal e, a partir daí, as empresas passam a ter mais uma opção de conectividade para os seus colaboradores. Há várias previsões que apontam para 2020 ser o ano dos computadores 5G. A Lenovo, a Dell e a HP anunciaram produtos com 5G, mas a oferta no mercado ainda é muito pequena.

Mercado 

O crescimento foi pequeno – apenas 0,6% –, mas foi a primeira vez que o mercado cresceu depois de sete anos de declínio. No total, de acordo com a Gartner, as vendas mundiais de computadores totalizaram as 261 milhões de unidades.

Este crescimento foi o primeiro desde 2011 e foi o resultado de uma grande procura por parte do segmento empresarial, que continua a atualizar os equipamentos para o Windows 10, especialmente nos Estados Unidos, no Japão e na EMEA.

É um facto que cada vez menos consumidores finais compram computadores. O que continua a sustentar o mercado ainda é muito o PC empresarial; este segmento fez com que em cinco dos últimos sete trimestres o mercado registasse um crescimento.

Em relação a 2019, a Lenovo conquistou uma quota de mercado de 24,1% em todo o mundo no ano de 2019, seguido da HP Inc. (22,2%) e a Dell (16,8%).

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