Rui Damião em 2023-12-14
O Parceiro transacional ainda não desapareceu, mas o futuro passa pelo serviço. Os Parceiros precisam de se adaptar a uma nova realidade onde o valor acrescentado é dos aspetos mais importantes de qualquer negócio
Longe v vão os tempos onde apenas era preciso vender um computador, uma impressora, alguns periféricos e um ou outro servidor a uma empresa. Agora, todas as organizações precisam do IT para operar, que, em conjunto com a multiplicidade de novas ferramentas que vão aparecendo, traz complexidade para quem tem de gerir dezenas ou mesmo centenas de soluções de IT para que o negócio possa operar nas melhores condições possíveis. Com a crescente complexidade dos sistemas e infraestruturas de IT, as empresas – que não têm o seu core em IT – precisam de ajuda. Devem deixar o IT para terceiros – o Parceiro – e focar-se no seu negócio base e naquilo que fazem melhor. Naturalmente que as empresas devem ter o seu responsável interno pelo IT e até pela cibersegurança, mas essa não é a realidade da larga maioria das organizações. Dados da Pordata indicam que, em 2021, existiam 1,35 milhões de organizações em Portugal. Destas, 1.378 eram consideradas grandes; as restantes são consideradas de pequena e média dimensão. De acordo com os mesmos dados, 99,9% das empresas portuguesas são consideradas PME, mas, na verdade, 96% são microempresas (empregam menos de dez pessoas e o seu volume de negócios anual não excede os dois milhões de euros, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística), 3,3% consideradas pequenas (menos de 50 pessoas e com um volume de negócios anual abaixo dos dez milhões de euros) e apenas 0,6% de média dimensão (menos de 250 pessoas e com um volume de negócios anual abaixo dos 50 milhões de euros). Tendo em conta que 96% das empresas portuguesas têm menos de dez colaboradores, é natural que não exista um responsável de IT dedicado ao tema. É aqui que os Parceiros entram e podem ser uma mais-valia para estas empresas que, mesmo sendo ‘micro’, precisam de gerir o seu IT e a sua segurança. Parceiro na estratégiaOs clientes precisam de gerir as suas infraestruturas, mas, como é percetível pelo número de colaboradores da larga maioria das empresas, essa gestão não pode ser feita apenas dentro de casa por falta de mão-de-obra qualificada. Os Parceiros podem – e devem – posicionar- se como um Parceiro de confiança para as empresas. Mas, por vezes, as empresas não sabem sequer por onde começar. Sabem para onde querem ir, mas não sabem o caminho que têm de fazer. Também é por aqui que passa o futuro dos Parceiros: ajudar a definir a estratégia dos clientes. Da mesma maneira que os clientes têm uma estratégia de negócio, também precisam de uma estratégia de IT. Um Parceiro especializado em IT pode ajudar as empresas a olhar para a tecnologia existente e definir o caminho e os investimentos que fazem mais sentido para que a organização possa crescer de acordo com o orçamento disponível, com a importância das soluções que pretende adquirir e a escala que quer atingir. O Parceiro de IT vai ajudar a desenvolver o plano de IT que vai suportar as operações da empresa como um todo. Muitas vezes, essa estratégia passa pela cloud. Seja cloud pública, privada, multicloud ou híbrida, cabe ao Parceiro perceber a estratégia do cliente e aconselhar a melhor solução disponível, até porque, muitas vezes, o cliente sabe onde quer chegar, mas não se importa com o modo como o vai fazer, desde que faça sentido para o seu negócio e para o seu orçamento e que o possa fazer em segurança. Para além do armazenamento, a cloud permite ter o poder de computação necessário para fazer aumentar o negócio das empresas. Com tantas soluções e serviços disponíveis na cloud, é fácil para qualquer empresa – mesmo as de dimensão considerável – perder-se no meio de tanta opção. O Parceiro de IT deve ajudar o seu cliente a selecionar os fabricantes mais adequados para o projeto e ajudar na implementação. Mesmo o hardware e o software podem ter a ajuda do Parceiro. Os Parceiros de IT podem ajudar as organizações a escalar as suas infraestruturas de IT para irem de encontro às suas necessidades com uma maior rapidez e a um custo mais baixo do que se a empresa tentar fazer tudo internamente. Por causa da sua experiência e dos seus contactos privilegiados com a indústria, os Parceiros de IT são capazes de fornecer tanto o hardware como o software a um preço mais reduzido do que se o cliente tentasse contactar os fabricantes diretamente – se conseguisse sequer fazê-lo. Ao mesmo tempo, o Parceiro de IT deve assegurar a instalação do novo hardware e do novo software da forma mais simples possível para o cliente. E, se tudo correr dentro do previsto, são os Parceiros a terem a capacidade de permitir o crescimento das necessidades das empresas. Parceiro seguroÉ inegável que a cibersegurança é um ponto cada vez mais importante nas organizações, até porque há cada vez mais ciberataques, a superfície de ataque é cada vez maior e os riscos são cada vez mais cibernéticos. Os Parceiros podem – e devem – desenvolver um plano para proteger toda a infraestrutura e toda a rede dos clientes, atualizar a estratégia e estar a par das táticas de ataque mais recentes para que o cliente seja proativo e não reativo a um incidente cibernético. A preparação é a única forma de minimizar o impacto de um ciberataque. É sabido que não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’ vai acontecer um ciberataque contra a organização e, como tal, é imperativo os clientes estarem na linha de frente e fazerem o melhor possível para proteger os ativos que são críticos para manter o negócio a andar. Uma vez que é certo que um ciberataque vai acontecer em algum determinado momento, é necessário apostar em planos de recuperação de desastres e de continuidade de negócio para que, quando então acontecer, o cliente possa estar pronto para recuperar tão rápido quanto possível e ter o menor impacto – tanto operacional como financeiro – no seu negócio. Parceiro holísticoAssim, é necessário que os Parceiros tenham uma abordagem holística ao negócio dos seus clientes e os ajudem a melhorar a sua infraestrutura atual e prepará-la para o futuro, para as necessidades que a empresa prevê precisar quando atingir os seus objetivos. Para isso, é necessário que o Parceiro de IT faça tudo funcionar entre si, tanto os investimentos como a tecnologia legacy que, por uma razão ou por outra, não podem ser substituídos. Ao trabalhar com um Parceiro, o cliente pode reduzir o número de tarefas repetitivas que têm de realizar, principalmente com recurso a automação. Se tudo funcionar em perfeita sintonia, o cliente só tem a ganhar. Parceiro como um serviçoA mudança do transacional para o serviço já está a acontecer há vários anos e não é por acaso. É aí que está o valor para o cliente e para o próprio Parceiro, que desta forma ganha receitas recorrentes. Da tradicional infraestrutura, serviço e plataforma como serviço, começasse a ouvir falar também de segurança, de dispositivo ou rede como um serviço. No fundo, tudo pode ser um serviço e os fabricantes sabem isso: cada vez mais, os fabricantes adaptam os seus Programas de Canal para incentivar os Parceiros a fornecerem soluções como um serviço e não a tradicional venda do equipamento ou do software. Estes mesmos softwares são cada vez mais complexos de integrar e de gerir e a maioria das empresas não tem capacidade para o fazer. Além do mais, com equipas de IT cada vez mais reduzidas (mas cada vez mais necessárias) e uma escassez de mão-de-obra qualificada, são os Parceiros que muitas vezes têm a capacidade de contratar recursos humanos que sejam capazes de liderar a próxima onda da transformação das empresas. |