2015-12-29
As infraestruturas de TI estão a evoluir a velocidades sem precedentes, em grande parte impulsionadas pelo aumento do tráfego e processamento de dados dos serviços que já podemos chamar de convencionais, mas agora também pela evolução das Clouds, do Big Data, da IoT e das SmartCities
O mercado de infraestrutura de TI está a receber a transformação digital como nenhum outro. A Gartner prevê que 75 por cento de todos os negócios e empresas sejam suportados por infraestruturas digitais em 2020, que na prática são já apenas quatro anos.
As notícias sobre a “morte” do modelo on-premises foram manifestamente exageradas, assim como a sobrevalorização da Cloud pública e a consequente concentração das infraestruturas.
Num estudo, denominado “State of the Market: Enterprise Cloud 2016. From adoption to transformation.” feito pelo gigante das telecomunicações Verizon se conclui que “a ascensão das Clouds privadas poderá levar a que as públicas sejam usadas apenas em circunstâncias bastante específicas por muitas empresas”.
É agora crítico para os decisores de IT, CIOs e CTOs, assim como para os seus parceiros tecnológicos, olhar atentamente para quais os caminhos a seguir nas infraestruturas.
Várias novas tendências estão a surgir ou a consolidarem-se para o futuro próximo da infraestrutura de TI, e é critico para o sucesso das suas empresas e instituições que sejam agora tomadas as decisões certas.
Diversos novos caminhos estão a surgir no futuro das infra, com o objetivo de administrar o fluxo de informação digital, facilitando a transição para infraestruturas digitais, e adaptando-se à exigência elevada de velocidade e eficiência.
Cinco tendências
Identificamos as cinco principais tendências para as quais devemos estar preparados e que respondem aos desafios que o Big Data, a IoT. as SmartCities e a Clouds vão colocar:
O Big Data e a IoT transformarão de forma radical a capacidade das próximas gerações de data centers. Se, por um lado, isso coloca pressão sobre a capa- cidade e escabilidade, por outro lado existe a habitual necessidade de consolidação por otimização de custos. São requisitos aparentemente contraditórios, mas podem ser solucionados com data centers modulares.
Esta abordagem traduz-se numa infraestrutura pré fabricada, ou infraestruturas modulares, rápidas de implementar e flexíveis.
E a adoção destes data centers está a crescer rapidamente, com o mercado global a chegar aos 40 mil milhões de dólares até 2018. Como os requisitos de velocidade e eficiência vão continuar a subir, a procura será cada vez maior.
No IDC Directions deste ano, que decorreu em outubro no Centro de Congressos do Estoril, Kevin Brown, vice president data center global strategy and technology da Schneider Electric, defendeu a ideia de que os data centers terão que ser, cada vez mais, construídos com um propósito, fazendo o deployment do IT necessário de modo a que determinada aplicação possa ser executada sem problemas.
O responsável explicou ainda ao IT Channel, durante o evento, que a própria IoT vai impulsionar a necessidade de computação localizada e que, por isso, os data centers privados têm futuro.
O papel dos Parceiros é aqui fundamental: têm de perceber, junto do cliente, antes de mais, que aplicações devem ficar num data center privado (e não numa Cloud pública), e quais os seus requirements ao nível da largura de banda e latência de modo a poderem desenhar a melhor solução.
Muitos fabricantes estão, atualmente, a apostar nos data centers modulares, que permitem gerir melhor a relação custo-benefício.
No fundo, um data center modular pré-fabricado é uma opção mais flexível e que está a ganhar cada vez mais terreno, mesmo em Portugal, por serem mais fáceis de escalar e expandir a curto prazo.
Outra das grandes vantagens é o facto de serem mais eficientes do ponto de vista energético e terem um deployment mais rápido.
Se o tempo de latência não é decisivo na maioria da aplicações que utilizamos (não, seguramente, no nosso e-mail ou na web), quando falamos de M2M e de IoT torna-se absolutamente crítico. Concentrar todo o fluxo de dados da IoT numa lógica de consolidação de data centers não é economicamente vantajoso, e tecnicamente poderá ser incorreto. Processar localmente o que não necessita de ser centralizado, e centralizar apenas a informação necessária diminui o tempo de latência, é menos sujeito a falhas de conectividade e evita ruturas na sua operação.
Os micro data centers, como módulos de uma infraestrutura integrada podem ser a resposta a estes novos desafios.
Uma tendência em crescimento acelerado é o software defined networking (SDN).
Num mercado que valerá mais de 8 mil milhões de dólares em 2018, o modelo SDN é um modelo de virtualização que separa a topologia de redes e gestão do tráfego do hardware. Utilizado inicialmente apenas pelos grandes providers de Cloud, o SDN está a chegar à empresas, permitindo a interação entre as cargas de trabalho de aplicações e infraestruturas de rede. Isto aumenta significativamente o poder da rede, além de simplificar o ambiente de gestão de TI. O SDN vai continuar o seu crescimento na medida em que o tráfego de rede irá aumentar anualmente 25 por cento e a aceleração das velocidades de rede será dez vezes superior à capacidade atual.
O SDN vem, assim, conferir muitos benefícios e resolver problemas de recursos complexos, já que possibilita a inovação da tecnologia de rede e potencia a sua versatilidade, reduzindo a complexidade e a sobrecarga administrativa. Esta tecnologia tem o potencial de melhorar significativamente os tempos de resposta nas solicitações de serviço, segurança e confiabilidade. Pode também reduzir os custos através da automatização de vários processos que são atualmente feitos de forma manual e permitir que os departamentos de TI possam substituir (pelo menos em alguns casos) os dispositivos de alto custo por hardware commodity.
Com o crescimento da dimensão dos data centers, não é surpreendente que o consumo de energia elétrica suba em flecha. Dados apenas dos EUA estimam que o consumo dos data centers americanos aumente de um total de 90 mil milhões de Kwh em 2013 para os 140 mil milhões de Kwh em 2020. Neste momento, 3 por cento de todo o consumo da rede elétrica é destinado a centro de dados, e essa percentagem vai aumentar, aumentando assim a pegada de carbono produzida pelo IT em todo o mundo.
Se alguns gigantes do IT como a Google entram na produção da energia renovável ou localizam os data centers no círculo polar ártico para diminuir a pegada de carbono, para todos os restantes mortais é preciso encontrar soluções práticas.
A densidade e eficiência dos servidores é uma das prioridades: estima-se que apenas 15 por cento do load de um servidor empresarial é utilizado em termos médios, mas o consumo energético acaba sempre por manter-se. Para agravar, 30 por cento de todos os servidores estão na verdade em “coma”, ou seja, estão atribuídos a tarefas que vão sendo descontinuadas. Ainda assim, são mantidos em funcionamento, pois esses serviços não são migrados para outros servidores. Além do mais, os equipamentos envelhecidos são por norma muito menos eficientes energeticamente.
Ao contrário do que muitas vezes é percebido, o arrefecimento não é o principal responsável pelo consumo energético do data center, mas sim o próprio hardware de TI.
O Power Usage Effectiveness (PUE) , que é o rácio entre o consumo total de um data center e o consumo dos equipamentos IT, é hoje de 1.5 em termos médios. Isto significa que o consumo com o arrefecimento, com a estabilização elétrica e com a iluminação é metade do consumo do próprio hardware de IT. Mas a meta é chegar o mais perto possível do 1.
O Open Compute Project (OPC), por exemplo, está a repensar em conjunto com os fabricantes o próprio servidor, no sentido de um menor consumo energético, eliminando as ventoinhas e permitindo um aumento da temperatura sem que isso se traduza num aumento de falhas.
Sem essa alteração, as técnicas de floating, que consistem em permitir a circulação forçada de ar filtrado não arrefecido no data center durante períodos do dia ou do ano mais frios, acabam por não dar os resultados esperados, porque os consumos do hardware sobem. E Portugal, com o seu clima cada vez menos ameno, não é uma localização ideal para o floating.
Assim, os data centers modulares são também uma resposta para a eficiência energética, porque mantêm uma elevada densidade de hardware, eficiência térmica e um consumo mais baixo. Tipicamente, o PUE de um data center modular é já inferior a 1.2.
|
4 Data Center Infrastruture ManagementA gestão de infraestruturas de centros de dados (ou DCIM, do inglês Data Center Infrastruture Management) não é propriamente um conceito novo, e tem vindo a ser falada e debatida pela indústria das IT pelo menos desde 2009. Contudo, algumas das tendências mais recentes – entre as quais o crescente recurso à virtualização e aos diferentes serviços na Cloud – têm vindo a aumentar a sua importância.
5 A Interconexão
|