Marta Quaresma Ferreira em 2023-3-20
No mês dedicado às mulheres, oito “Women in Tech” partilharam com o IT Channel as suas experiências no percurso até à liderança no mundo das tech
“It’s a man’s world”. A expressão pode ser usada para descrever o ambiente no setor tecnológico que é ainda hoje predominantemente liderado por homens. À problemática da escassez de talento nas empresas de tecnologia soma-se a deficitária divisão de géneros: ainda que as empresas estejam mais conscientes e empenhadas numa paridade entre homens e mulheres, apenas 22% das mulheres europeias ocupam cargos tecnológicos em empresas. Estes dados são apresentados no relatório da McKinsey & Company – “Women in tech: The best bet to solve Europe’s talent shortage” – que demonstra, também, que se a percentagem de mulheres em empregos tecnológicos duplicasse até 2027, o PIB da União Europeia (UE) poderia aumentar até 600 mil milhões de euros. Estas lacunas entre géneros estão também intimamente relacionadas com a percentagem de mulheres no ensino superior nas áreas conhecidas como STEM – ciências, tecnologia, engenharia e matemática: o mesmo relatório revela que a média europeia de mulheres licenciadas nestes cursos é de 32%. O valor sobe para 35% no caso de Portugal. O IT Channel desafiou um grupo de mulheres com os mais variados cargos de liderança em Portugal, na área da tecnologia, a partilharem a sua perspetiva sobre a posição das mulheres neste setor, os desafios que enfrentam, o que foi feito e o que falta mudar e até os segredos do dia a dia de uma “Woman in Tech”. Há quantos anos é uma ‘Woman in Tech’ e quanto tempo demorou até chegar a um cargo de liderança nesta área?
Nome: Ana Carolina Cardoso Guilhén Cargo: Global Channel Programs & Animation Director, Schneider Electric Nos tempos livres... “recarrego energias com a família, com jogos de tabuleiro, passear na praia, podcasts, webinars, livros e, claro, viajar” Ana Carolina Cardoso Guilhén, Schneider Electric “Trabalho na área há mais de 20 anos e o meu primeiro cargo de liderança aconteceu há dez anos.” Ana Rocha de Oliveira, Red Hat “Desde 1998. Desde cedo, tive a oportunidade de liderar iniciativas, projetos e equipas, aprendendo muito com pessoas inspiradoras que foram grandes referências para mim.” Ana Teresa Ribeiro, Sage Iberia “Iniciei na área da tecnologia, logo após a saída da Faculdade de Economia do Porto. O trigger foi uma formação complementar que fiz na faculdade, em que simulámos a automatização e digitalização da gestão de uma empresa num mercado virtual. Despertei aí para a importância crítica da tecnologia no sucesso da gestão empresarial e na eficiência e motivação das pessoas. Decidi posicionar-me profissionalmente na interdisciplinaridade dessas três dimensões: tecnologia, gestão e pessoas. Comecei por uma área mais técnica no software de gestão empresarial e fui evoluindo para a área de direção de clientes oito anos depois. Nos últimos 11 anos tenho vindo a liderar várias unidades de negócio na área da tecnologia e de gestão/informação e mais recentemente o negócio em Portugal da tecnológica Sage, na qual 80% da equipa de liderança é composta por mulheres, algo que ainda não é muito comum numa empresa deste setor. É neste sentido que a Sage tem apostado cada vez mais em práticas de Diversidade e Inclusão como parte do seu ADN, o que significa que proporcionamos as oportunidades certas numa cultura inclusiva e diversa.” Anna Barker, Cisco Portugal “Antes de entrar para o mundo da tecnologia, trabalhei como contabilista na área financeira. Há 17 anos juntei-me à Cisco como Business Operations Manager. Desde então, tive diversos cargos de liderança em múltiplas áreas do negócio, sendo que o primeiro foi em Operations & Strategy, onde fui responsável pelo programa de transformação de serviços na Europa, Médio Oriente e África. Em 2018, mudei-me para Cracóvia, na Polónia, onde comecei a liderar equipas técnicas, na sua maioria formadas por engenheiros. Em 2020, aceitei um novo desafio e mudei-me para Lisboa para liderar o Centro de Customer Experience onde fornecemos serviços técnicos e de negócios a clientes e Parceiros.” Isabel Pinto, Vertiv “Há mais de 20 anos que estou no mercado IT e há cerca de cinco anos numa posição de liderança.” Patrícia Pimenta, Schneider Electric “Propósito. Desde pequena que aprendi a ver a energia como algo que está em todo o lado, com um poder excecional capaz de mover o mundo. Como mãe, tenho sempre muito presente o desejo de deixar um planeta melhor aos meus filhos, e sinto-me muito afortunada por trabalhar numa área que me permite cumprir esse propósito.” Sandra Gil Mateus, Microsoft Portugal “Desde o início da minha carreira que a tecnologia está sempre presente. Nos tempos iniciais da minha vida em consultoria trabalhei em projetos muito diversos que iam desde estratégia a implementação de ERP. A ideia era sabermos tudo o que podia contribuir para acelerar e garantir o sucesso dos nossos clientes. Isso deu-me uma visão muito prática da consultoria estratégica e uma visão estratégica de como a tecnologia pode contribuir para o sucesso de um negócio. Cheguei a líder de equipas e projetos em seis anos.” Vanda Gonçalves, Accenture Technology “Estou no meio há já muito tempo e a minha evolução foi gradual. Fui agarrando as oportunidades que foram surgindo, aceitei os desafios e cresci com o crescimento da indústria.” Quais os maiores desafios que encontrou no início? O que mudou desde então? Ana Carolina Cardoso Guilhén, Schneider Electric “Demonstrar vulnerabilidade! Num meio tecnológico, masculino, há um viés inconsciente de que é necessário demonstrar força e seriedade e nunca mostrar quem realmente és e esse foi o meu grande erro no início. Demonstrar vulnerabilidade, que somos mulheres, diferentes, que podemos errar e que está tudo bem se pensamos de uma maneira diferente, é o que nos permite adicionar diversidade a este ambiente, maneiras diferentes de pensar e o mais importante: ajuda-nos a conectar com pessoas e a criar relacionamentos. Temos que deixar cair as máscaras, demonstrar quem somos de verdade e, só assim, seremos capazes de criar relacionamentos de confiança que são a base para o desenvolvimento mútuo. Essa foi a minha grande aprendizagem: demonstrar vulnerabilidade para me conectar com pessoas.”
Nome: Ana Rocha de Oliveira Cargo: Diretora Ibérica, Red Hat Nos tempos livres... “Pratico yoga e wakeboard. Leio e aproveito para ouvir podcasts. Valorizo o tempo com a minha família e amigos e adoro viajar” Ana Rocha de Oliveira, Red Hat “O meu começo na tecnologia foi fantástico e impactou positivamente na minha carreira. Tive a sorte de fazer parte de uma equipa diversa e cheia de energia. Em 2001, já em Espanha, fui muito bem acolhida, mesmo com o meu “portuñol”. Atualmente, tudo é muito mais rápido e acredito que a formação contínua é essencial.”
Nome: Ana Teresa Ribeiro Cargo: Country Sales Director, Sage Iberia Nos tempos livres... “privilegio as atividades da natureza, em particular dois grandes interesses: o hicking de montanha e kayak de mar” Ana Teresa Ribeiro, Sage Iberia “No início, a maior dificuldade foi a afirmação de um posicionamento multidisciplinar de ligação entre tecnologia e gestão. Nos projetos em que estive envolvida no início havia uma separação entre tecnologia e gestão, mais centrado no conteúdo do que no diálogo e colaboração entre as várias valências, para entregar o melhor serviço ao cliente. Atualmente, a tecnologia entrou em todas as dimensões das nossas vidas, e a par do conhecimento e inovação técnica, é crucial a criatividade, o design, a experiência do uso, a exploração da inteligência emocional e artificial. A tecnologia está muito mais democratizada e abrangente. Como tal, sou da opinião de que muitas das barreiras iniciais se têm vindo a esbater e a diversidade tem vindo a ser crescente, no conhecimento e no equilíbrio da igualdade de género.” Anna Barker, Cisco Portugal “No meu primeiro emprego, o género nunca foi um problema. Ao trabalhar numa empresa de contabilidade, estava sempre rodeada por mulheres e gestoras. Só me tornei mais consciente desta temática quando entrei para a indústria tecnológica - muitas vezes era a única mulher numa equipa ou em reuniões de direção. Hoje, este tipo de situações já não são um problema para mim. Tenho presenciado uma grande evolução na forma como as empresas olham para o tema da diversidade e da inclusão. Agora, garantir que temos todo o espetro da diversidade nas nossas equipas - quer seja género, idade, raça, orientação sexual, etc. – é uma prioridade a todos os níveis, desde colaboradores a líderes e até CEO. A diversidade e a inclusão começam no topo. Estamos dedicados a criar uma cultura que valoriza as contribuições das mulheres e esse empenho tem resultado em níveis elevados de diversidade de género desde 1998. Neste momento, cerca de 45% da nossa força de trabalho na Cisco Portugal é composta por mulheres. Diversidade, inclusão e compromisso para com a nossa comunidade são temas fundamentais para construir uma cultura de trabalho vibrante.” Isabel Pinto, Vertiv “Felizmente em nenhuma das empresas por onde passei senti qualquer desafio ou dificuldade que atribuísse ao facto de ser mulher. Sempre senti igualdade nas oportunidades de crescimento e novos projetos e, quando escolhida ou não, foi sempre óbvio para mim que os critérios dependiam de características pessoais e competências. Ainda assim, ao longo destes anos, a grande mudança tem a ver com o facto de cada vez mais se encontrarem mulheres em posições de liderança e cada vez mais iniciarem as suas carreiras na área tech.” Patrícia Pimenta, Schneider Electric “Com apenas 12 anos comecei a estudar energia na escola e a interessar-me por tudo o que está relacionado com ela. Gosto de construir o meu próprio caminho e, apesar de muitas vozes no meu contexto familiar me dizerem que este era um mundo maioritariamente masculino, eu via-o como fascinante e repleto de desafios. Já na universidade, estudei Engenharia Elétrica. Estou há quase 18 anos na Schneider Electric, onde o meu primeiro posto de liderança foi em Portugal como IS&C Business Unit Manager, seguido de outras seis posições até ao dia de hoje, em que sou Vice Presidente da divisão de Home & Distribution na zona ibérica.” Sandra Gil Mateus, Microsoft Portugal “No início da minha vida em consultoria fui sendo colocada em vários projetos e num deles tinha de programar. E nessa altura percebi que era, para mim, mais difícil que para as minhas colegas. E refiro colegas, no feminino, porque o eram. Eram engenheiras e programavam com a maior das facilidades e para mim era mais difícil. Acredito que hoje já não se pensa numa Women in Tech como sendo uma mulher que sabe muito sobre tecnologia no sentido técnico. Nas empresas tecnológicas e nas empresas com negócios digitais encontramos hoje mulheres com backgrounds e características completamente diferentes. Na Microsoft, temos licenciadas em Direito e em Relações Internacionais.” Vanda Gonçalves, Accenture Technology “Um dos grandes desafios para as mulheres é inevitavelmente a maternidade que tende a ser muitas vezes adiada. A falta de diversidade ao nível da gestão constitui igualmente um desafio; está demonstrado que nos meios em que a liderança não é inclusiva, a probabilidade das mulheres atingirem lugares de liderança reduz significativamente e continua a ser muito reduzida a representatividade de mulheres em lugares de CIO/CTO, embora as grandes empresas estejam a desenvolver esforços no sentido de aumentar a diversidade.” Atualmente, como vê a posição de uma mulher na área do IT? Ana Carolina Cardoso Guilhén, Schneider Electric “A posição da mulher no setor de IT é imprescindível! Com a falta de profissionais na área, provocado pela procura crescente de profissionais de tecnologia e pela diminuição em geral de estudantes em carreiras STEM, a entrada da mulher neste mercado é fundamental para o crescimento da economia e desenvolvimento de um futuro tecnológico. Se não formos capazes de atrair mulheres em carreiras STEM, nem de tornar as empresas atrativas, teremos cada vez mais este gap entre demanda e oferta. Esforçamo-nos e temos orgulho de ter a Schneider Electric como uma das melhores empresas para se trabalhar de acordo com a Revista Fortune e também trabalhamos com novas gerações em projetos de voluntariado como o #LetsGoEngineering, que trata de inspirar e despertar o interesse de crianças para carreiras STEM, independentemente de género. Cada um de nós, como empresas e profissionais, somos co-responsáveis para criar um futuro com mais mulheres em tecnologia.” Ana Rocha de Oliveira, Red Hat “Apesar de ser predominantemente masculino, há um interesse crescente das empresas em aumentar a diversidade e inclusão no setor. A pandemia também aumentou a procura por perfis tecnológicos e há excelentes exemplos de mulheres de referência em áreas como cibersegurança e análise de dados.” Ana Teresa Ribeiro, Sage Iberia “Qualquer profissional para ser feliz nesta área tem de vibrar com esta dinâmica, ter uma elevada apetência ao risco e tolerância à incerteza, usufruir do inesperado e capacidade de adaptação e resiliência. Sendo mulher, tem alguns desafios adicionais. Embora o gap de género se tenha vindo a esbater, ainda existe em algumas áreas e, como tal, é necessário uma redobrada energia, coragem e confiança para ultrapassar preconceitos e assegurar a meritocracia.”
Nome: Anna Barker Cargo: Senior Director CX Center, Cisco Portugal Nos tempos livres... “zumba, pilates e passear os meus três cães: Ruby, Ronnie e Rocco” Anna Barker, Cisco Portugal “Sozinhas temos poder; mas coletivamente temos impacto. Tradicionalmente, temos sido ensinadas a ser competitivas, pois existia uma escassez de oportunidades de emprego no topo. A verdade é que se nos apoiarmos mutuamente e canalizarmos o nosso poder de colaboração podemos mudar este paradigma. Reconhecer e celebrar as conquistas das mulheres que trabalham na indústria tecnológica inspirará mudanças positivas e encorajará mais mulheres a escolher uma carreira nesta indústria. Existem várias formas de reconhecimento e apoio mútuo que contribuirão para captar o interesse de mais mulheres para esta área. Por exemplo, todos os anos dedico algum do meu tempo à mentoria de talentos, onde partilho o conhecimento e experiência que adquiri ao longo da minha carreira. Ser mentora é algo que me satisfaz imenso, pois aprendo tanto com os meus mentorados como eles aprendem comigo, e é importante para mim saber que tive um impacto positivo na vida e carreira de alguém. Sou também Executive Sponsor de um grupo chamado Women of Cisco com o objetivo de atrair, desenvolver, reter, e celebrar todas as mulheres na Cisco. O que começou com cinco mulheres cresceu para mais de quatro mil colaboradores. Por último, também apoiamos o Portuguese Women in Tech Awards, um evento anual que reconhece as conquistas de mulheres de sucesso na indústria da tecnologia com o objetivo de inspirar jovens que querem seguir uma carreira nesta área.”
Nome: Isabel Pinto Cargo: Channel Distribution Manager, Vertiv Nos tempos livres... “não havendo muito tempo para hobbies e interesses, dois que tento manter quase como 'tarefa' é o desporto e a leitura” Isabel Pinto, Vertiv “Pouco a pouco as mulheres estão e continuam a assumir papéis mais relevantes na área IT. Ainda que o caminho seja longo e exista ainda muito a fazer, estou certa de que as novas gerações vão cada vez mais encontrar o meio ideal para crescerem e se desenvolverem pessoal e profissionalmente, independentemente do género.” Patrícia Pimenta, Schneider Electric “Considero que melhorou significativamente nos últimos anos, mas ainda há muito a fazer para alcançar a igualdade de género no setor. É um processo complexo que requer esforço por parte das empresas e da sociedade em geral. As mulheres ainda estão sub-representadas nas TI, especialmente em cargos de liderança. É importante continuar a trabalhar na criação de ambientes de trabalho inclusivos e na eliminação de barreiras culturais e estruturais que impedem a nossa participação plena e equitativa. Para além disso, é de extrema importância destacar o trabalho das mulheres no setor, pois necessitamos de referências para inspirar e motivar as jovens a seguir carreiras nesta área – porque o que não se vê, não existe. A divulgação de histórias de sucesso e criação de programas de mentoria e coaching para mulheres na indústria é fundamental.” Sandra Gil Mateus, Microsoft Portugal “Está mais do que estudado e provado que empresas com rácios equilibrados de diversidade, seja de género, raça, background e outros fatores, são mais inovadoras, mais atrativas para o talento e financeiramente mais sustentáveis, pelo que, também na área IT temos de percorrer esse caminho do equilíbrio. Se as nossas equipas forem equilibradas e diversas, a probabilidade de chegarmos mais rápido à solução de um problema ou ao desenvolvimento de um produto aumenta exponencialmente. No IT temos de fazer esse caminho ainda mais depressa. Partimos, por imensas razões, de uma percentagem muito inferior e temos de acelerar para a igualdade em todos os níveis, com maior expressividade nos níveis de decisão, garantindo que está incorporada na decisão a diversidade que garante o sucesso. Este é um papel das empresas, mas é também de cada um de nós que lidera equipas e que pode construir este ecossistema mais equilibrado.” Vanda Gonçalves, Accenture Technology “Temos assistido a uma maior consciencialização das empresas para os temas de diversidade, mas há ainda um longo caminho a percorrer, e o facto é que as mulheres continuam a estar em minoria. A evolução da situação será progressiva e levará tempo até chegarmos a uma situação de paridade. Não é suficiente intervir ao nível das mulheres que já estão no mercado de trabalho; trata-se de um tema cultural que carece de intervenção em fases anteriores da formação para alterar estereótipos e preconceitos.” O que é que não pode faltar no dia a dia de uma Woman in Tech? Ana Carolina Cardoso Guilhén, Schneider Electric “Salto alto, maquilhagem e um sorriso no rosto. Somos diferentes, pensamos diferente e essa é a beleza da diversidade. E é esse o pensamento que deve guiar o nosso dia a dia. Temos que pensar que temos o nosso valor e que o mundo precisa do nosso trabalho, seja ele qual for. Cada dia que passamos longe das nossas casas, longe dos nossos filhos, seja por uma viagem, um jantar, ou mesmo um dia no escritório, temos que pensar que estamos a contribuir para o crescimento de pessoas que estão ao nosso redor, para o crescimento da economia de um país ou mesmo para um mundo melhor, construindo o futuro para os nossos filhos. Nós, mulheres, agregamos diferentes maneiras de pensar, de agir, de liderar, de desenvolver pessoas, e as empresas precisam disso, precisam de mulheres para fazer isso.” Ana Rocha de Oliveira, Red Hat “Entusiasmo, empatia e uns saltos altos!” Ana Teresa Ribeiro, Sage Iberia “Poderia falar nos gadgets, que é mais ou menos padrão nas “techies”, mas mais que objetos, creio que o que não pode faltar é a atitude, num resumo de três C´s: Curiosidade para questionar, atualizar, e reprogramar as “certezas”, progredindo com o resultado dessas aprendizagens; Criatividade para tornar simples as coisas complexas e posicionar a tecnologia ao serviço das pessoas, sejam elas os clientes, colegas ou outros beneficiários; Coragem para se afirmar e arriscar fazer diferente, aprendendo com os erros e celebrando os sucessos.” Anna Barker, Cisco Portugal “Ir ao escritório e confraternizar com as nossas equipas é algo absolutamente indispensável para mim. Gosto imenso de encontrar colegas e amigos na cafetaria quando vou preparar o meu chá ou até mesmo sair para almoçar em grupo e partilhar histórias, experiências e opiniões sobre os mais variados assuntos. Com o regime de trabalho híbrido e a possibilidade de voltar a encontrar-me com a minha equipa no escritório – quer seja para reuniões ou para atividades de team building – sinto-me mais conectada, positiva e com mais energia.” Isabel Pinto, Vertiv “Sem dúvida, o entusiasmo pelo seu trabalho e a resiliência para ultrapassar os desafios constantes numa área em constante evolução.”
Nome: Patrícia Pimenta Cargo: Vice President, Home & Distribution Iberia, Schneider Electric Nos tempos livres... “o meu desporto de eleição é o kitesurf, ainda que neste momento a minha prioridade sejam os meus filhos” Patrícia Pimenta, Schneider Electric “O desejo de continuar a melhorar como profissional e a confiança em nós mesmas. Enfrentar cada dia com plena consciência do nosso valor e do que somos capazes de alcançar. E, claro, construir uma comunidade com as mulheres que nos rodeiam, sejam colegas de trabalho ou amigas. A irmandade entre nós é muito importante.”
Nome: Sandra Gil Mateus Cargo: Microsoft Women ERG Lead Portugal Nos tempos livres... “gosto muito de ler e dedico todo o meu tempo à minha família, que é sempre a minha prioridade” Sandra Gil Mateus, Microsoft Portugal “A tecnologia evolui a uma enorme velocidade e só com curiosidade genuína conseguimos ir acompanhando o que aparece de novo, o que muda e, no meu caso, como é que isso me pode ajudar a ajudar melhor os meus clientes.” Vanda Gonçalves, Accenture Technology “Não deve faltar uma cultura inclusiva e diversa, pois está provado que proporciona colaboradores mais felizes e mais dispostos e capazes de inovar.” O que falta fazer para que mais mulheres se interessem por esta área e possam ocupar cada vez mais posições de liderança? Ana Carolina Cardoso Guilhén, Schneider Electric “Creio que a grande parte das empresas tem hoje algum tipo de política para incentivar mulheres em vendas, tecnologia ou cargos de liderança - a Schneider, por exemplo, encara a diversidade como um objetivo estratégico e é por isso que está incluída no “Índice de Equidade de Género da Bloomberg (GEI)”, pelo quinto ano consecutivo, que mede a igualdade de género em cinco pilares: liderança feminina e pipeline de talentos, igualdade e paridade de salários, cultura inclusiva, políticas de assédio anti-sexual e marca pró-mulher. Mas a verdade é que isto não é tudo. As mulheres têm de se interessar e, para isso, as ações necessárias vão muito mais além do que política empresariais. É uma responsabilidade de cada um de nós: as mulheres devem suportar mulheres, e aqui vai minha mensagem para todos: o que é que estão a fazer para inspirar mulheres a assumirem postos de liderança? Ações como mentoria, coaching ou mesmo líderes inspirando novas experiências com as suas colaboradoras podem ajudar muito, mas depende de cada um de nós; “Break the Bias”, é importante entender que sim, temos vieses inconscientes que nos proíbem muitas vezes de experimentar, de assumir riscos e de simplesmente pedir. Ler, participar em formações ou discussões sobre mulheres em liderança pode ajudar a entender estes vieses e maneiras de agir diferentes.” Ana Rocha de Oliveira, Red Hat “Acredito que devemos investir coletivamente na educação para melhorar a imagem estereotipada e pouco atraente dos profissionais de IT. Na Red Hat, organizamos mentorias e sessões de work-shadowing para jovens. A indústria de IT está em pleno auge, oferecendo não apenas oportunidades profissionais, mas também benefícios adicionais, como flexibilidade de horários, teletrabalho e conciliação da vida familiar.” Ana Teresa Ribeiro, Sage Iberia “Em primeiro lugar é importante a educação, na família, para a igualdade nas pequenas e grandes coisas: nos interesses, oportunidades e experiências. Acredito que este caminho começa em casa e nos exemplos basilares de referência. O ensino desempenha também um papel fundamental, mais do que os programas oficiais, cada vez mais a promoção de experiências e ações orientadas na aplicabilidade da tecnologia na sociedade desmistifica a tecnicidade da tecnologia e promove o seu propósito na transformação e evolução social. Por fim, é preciso “mundo”; a globalização permite-nos perceber que não há impossíveis pela vivência e observação de experiências e realidades diferentes. A conjugação destes três fatores contribui fortemente para uma atitude mais curiosa, criativa e corajosa, onde uma posição de liderança acontecerá naturalmente se essa for a escolha.” Anna Barker, Cisco Portugal “Hoje, pela primeira vez na história, 10% das empresas Fortune 500 são lideradas por mulheres. Contudo, vários estudos realizados mundialmente mostram a mesma realidade - as mulheres estão sub-representadas no setor da tecnologia. As razões para isto variam, mas sabe-se que para muitas, a decisão de seguir uma carreira na área da tecnologia começa na escola. Não só devemos apoiar outras mulheres e celebrar os seus sucessos, como também nos devemos concentrar nas jovens e dar-lhes a conhecer as incríveis oportunidades que uma carreira na tecnologia pode trazer, não só através da educação e formação, mas também ao apresentar-lhe exemplos de mulheres que vingaram neste espaço. Na Cisco, todos os anos, celebramos o Dia Internacional da Raparigas nas TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), onde organizamos sessões que mostram aos jovens a relevância do desenvolvimento de competências digitais e como construir uma carreira de sucesso na área da tecnologia. Também temos uma Parceria com a Girl Move Academy, uma organização que focada em liderar um movimento educativo e de mentoria que multiplica oportunidades para jovens mulheres de Moçambique que querem mudar o mundo.” Isabel Pinto, Vertiv “Para mim, pessoalmente, é uma questão de educação, ou seja, desde a infância devemos educar e promover a verdadeira igualdade entre as nossas crianças, todos somos iguais tendo em conta as diferenças individuais que nos definem. Cada um de nós tem o direito a escolher o seu caminho, independentemente do que é expectável socialmente, dando o melhor de si em cada momento. Cada vez mais isto se nota nas gerações mais novas, pelo que estou certa de que o equilíbrio será naturalmente conseguido nos próximos anos com a incorporação de cada vez mais mulheres na área tecnológica. Na minha opinião, não se consegue ocupar uma posição de liderança por questões de género ou quotas, mas porque as empresas estão mais focadas em escolher a pessoa mais adequada à posição, tendo em conta as suas competências, soft skills e experiência. Podemos ser otimistas no caminho que está a ser percorrido, uma vez que me parece estar a ser feito de forma muito natural e consistente.” Patrícia Pimenta, Schneider Electric “Para concretizar esta mudança é necessário influenciar as meninas, desde muito cedo, para que conheçam e entendam o valor dos estudos em engenharia. Várias pesquisas demonstram que, no momento de decidir o curso que pretende seguir, o género feminino guia-se muito por cursos em que vê uma clara correlação entre o seu trabalho e a sociedade. As carreiras técnico-científicas têm uma grande ligação com a sociedade; contudo, devemos conseguir explicar o nosso propósito de forma mais atrativa e compreensível. Se o fizermos, estou convencida de que muitas jovens vão querer ser engenheiras e contribuir para fazer do mundo um lugar melhor com o seu trabalho. Não podemos abrir mão de 50% da sociedade e, consequentemente, do quão talentosas são as mulheres.” Sandra Gil Mateus, Microsoft Portugal “Mudar mentalidades. De quem contrata, de quem é contratado, de quem promove, de quem educa, de quem estuda. De todos. Precisamos de acreditar verdadeiramente que a inclusão e a diversidade são a nossa chave do sucesso. E para isso temos todos de lutar, todos os dias, contra viés interiores e culturais e contra a discriminação. A começar pela educação, onde temos rapidamente de acelerar a mudança e acompanhar a evolução digital, contando com todos em todas as profissões, passando pelas empresas e pelo nosso contexto pessoal e profissional. Na Microsoft, o nosso negócio depende muito da inovação, que necessita de novas formas de pensar, novas experiências e novas perspetivas, e por isso levamos a Diversidade e Inclusão seriamente. E se todos tivermos esta visão, teremos mais mulheres em cargos de liderança. Uma empresa de cada vez. Uma mulher de cada vez.”
Nome: Vanda Gonçalves Cargo: Managing Director, Accenture Technology Nos tempos livres... “programas em família como viajar, fazer caminhadas pela natureza, jogar padel, ir ao cinema” Vanda Gonçalves, Accenture Technology “O interesse pela área tem de ser estimulado antes da fase de decisão do curso a escolher. Quanto mais cedo se der igualdade de oportunidades e experiências, mais se esbaterão as diferenças no momento das escolhas de uma carreira. Em paralelo, há todo um caminho a percorrer ao nível das organizações para tornar a cultura mais inclusiva e aumentar a retenção das mulheres em funções tecnológicas. Estratégias como melhorar as políticas de licença parental e garantir que todos são encorajados a utilizá-las de igual forma; estabelecer objetivos para aumentar a diversidade e envolver os líderes nesse processo; garantir programas de mentoring, coaching e redes de apoio e promover o papel da tecnologia na dinamização da inovação que muda o mundo são algumas das estratégias que podem ajudar a criar uma cultura mais inclusiva, que é crítica para a atração e retenção de mulheres na tecnologia.” |