Computer Vision: o olhar inteligente que transforma imagens em decisão

A tecnologia de computer vision tem ganho tração como um dos pilares da transformação digital, impulsionando novas abordagens em setores como o retalho, a indústria, a mobilidade e a segurança. A sua evolução, acelerada pela integração com outras tecnologias, como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e soluções de armazenamento especializadas, está a transformar processos operacionais e a abrir novas possibilidades em áreas como videovigilância inteligente e análise comportamental em tempo real. Através do computer vision, os sistemas ganham a capacidade de ‘ver’ o mundo, muitas vezes, superando as limitações do olho humano e permitindo análises além das nossas perceções naturais.

De acordo com a Fortune Business Insights, o mercado de computer vision foi avaliado em 25,41 mil milhões de dólares em 2024 e prevê-se que cresça para 31,83 mil milhões de dólares em 2025, alcançando, até 2032, os 175,72 mil milhões de dólares. Este crescimento ref lete uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 27,6% durante o período de previsão. Além disso, o mercado de IA aplicada ao computer vision deverá atingir 63,48 mil milhões de dólares até 2030, uma aceleração em relação aos 23,42 mil milhões de dólares previstos para 2025.

Da imagem como dado à imagem como inteligência

	Jorge Sepúlveda, Marketing Manager da Hikvision Iberia

A capacidade de “transformar imagens em decisões inteligentes e automatizadas”, como refere Jorge Sepúlveda, Marketing Manager da Hikvision Iberia, está a redefinir o papel da videovigilância. O CCTV tradicional evoluiu para sistemas capazes de interpretar e antecipar comportamentos, elevando a sua utilidade de ferramenta passiva de monitorização para ativo estratégico de decisão. “Graças ao computer vision, o CCTV já não se limita a ver — interpreta e antecipa”, sublinha o responsável da Hikvision, destacando casos concretos em segurança, retalho e infraestruturas críticas.

Também para Nuno Nogueira, CTO da Decunify, esta transformação representa um avanço com efeitos operacionais diretos: “a aplicação de computer vision na analítica de CCTV está a transformar a videovigilância num sistema inteligente e proativo, permitindo deteção automática de ameaças, análise comportamental e monitorização preventiva”. Marco Vicente, Sales & Business Consultant da Toshiba, destaca ainda a importância dos avanços na componente de armazenamento: “os sistemas de videovigilância de última geração exigem armazenamento de alta capacidade, confiável e eficiente, para processar e armazenar grandes volumes de dados de vídeo em tempo real, alimentados por algoritmos de IA e computer vision”. Estes equipamentos têm evoluído para responder à necessidade de armazenar dados de vídeo em resolução 4K, 8K ou superior, garantindo performance contínua e fiabilidade. A infraestrutura subjacente é, assim, essencial para garantir o funcionamento eficiente das novas funcionalidades inteligentes.

Do controlo à antecipação

Com a análise de vídeo baseada em computer vision, o paradigma da videovigilância muda radicalmente: deixa de ser um processo passivo e passa a ser uma ferramenta ativa de antecipação e apoio à decisão, ou seja, torna-se possível prever comportamentos e identificar padrões antes de ocorrerem. Como, aliás, descreve Jorge Sepúlveda, “na segurança, antecipa ameaças; no retalho, analisa fluxos e comportamentos dos clientes; e, nas infraestruturas críticas, otimiza operações com alertas inteligentes”.

A Decunify identifica também desafios específicos na aplicação da analítica de vídeo: “a analítica de vídeo enfrenta desafios como o processamento e armazenamento massivo de dados, a latência na análise em tempo real, a integração com sistemas e a conformidade com o RGPD”. Para responder a estas exigências, a empresa aposta em soluções “escaláveis e seguras, integrando infraestruturas IT robustas, cibersegurança avançada e IA otimizada”.

Setores a adotar e o potencial da integração tecnológica

O avanço do computer vision tem conquistado terreno em diferentes setores, impulsionado por necessidades de eficiência, automação e tomada de decisão inteligente. Um ponto comum entre os entrevistados é o papel central da integração com outras tecnologias como a inteligência artificial e a IoT, que transforma a videovigilância numa ferramenta polivalente, com aplicações que vão além da segurança.

A Hikvision destaca o impacto dessa convergência, considerando que “a fusão entre computer vision, inteligência artificial e IoT está a impulsionar um novo paradigma: soluções inteligentes, conectadas e autónomas”. Esta visão aponta para uma utilização mais abrangente, onde a deteção proativa de incidentes, a gestão energética ou a otimização do tráfego são apenas algumas das possibilidades. A Decunify reforça o potencial da automação em tempo real, com o CTO da empresa a explicar que “a convergência com a IA e IoT permite automação em tempo real, maior precisão na deteção de eventos e análise avançada de dados, possibilitando assim uma monitorização preventiva e um controlo de qualidade automatizado”. A ênfase recai na melhoria da capacidade de resposta e no valor acrescentado que a análise inteligente traz aos dados recolhidos.

Nuno Nogueira, CTO da Decunify

De acordo com Nuno Nogueira, “setores como retalho, segurança, saúde, indústria e mobilidade” estão entre os mais ativos na adoção de soluções de computer vision, e fazem-no para “otimizar processos, reduzir custos e melhorar a experiência dos clientes”. A ideia de eficiência operacional surge, assim, como um motor de inovação transversal.

Por fim, Marco Vicente acrescenta um foco na infraestrutura que sustenta este ecossistema digital. “A integração de IoT com sistemas de videovigilância criará redes de câmaras inteligentes e sensores conectados que recolhem e partilham dados em tempo real”, afirma, sublinhando a “necessidade de armazenamento local robusto e confiável para responder à explosão de dados gerada”.

Desafios técnicos e operacionais na adoção das soluções

Apesar do potencial e das vantagens claras, a implementação de soluções baseadas em computer vision não está isenta de desafios. As questões técnicas e estratégicas são as mais referidas pelos especialistas.

Para Jorge Sepúlveda, “o principal desafio é estratégico”, isto é, “compreender todo o potencial do computer vision”. Do ponto de vista técnico, os obstáculos passam “desde a integração com sistemas legacy até ao processamento eficiente de grandes volumes de dados”. A resposta, segundo o responsável da Hikvision, passa por trabalhar com “fabricantes que ofereçam plataformas abertas, apoio técnico especializado e uma visão clara sobre o futuro do CCTV inteligente”.

Para a Decunify, a adoção de tecnologias baseadas em computer vision implica ultrapassar obstáculos técnicos e legais relevantes. “Os principais entraves incluem os custos de implementação, a necessidade de uma infraestrutura robusta e a conformidade com regulamentos de privacidade”, explica o CTO. A resposta passa por uma estratégia assente na segurança desde a origem, com “a implementação de soluções de cibersegurança e redes seguras, permitindo a adoção das soluções com proteção de dados e conformidade regulamentar”.

Do ponto de vista da infraestrutura, a Toshiba aponta a escalabilidade e eficiência como requisitos incontornáveis: “com o crescimento do volume de dados gerados por sistemas de videovigilância inteligente, a procura por armazenamento eficiente em termos de consumo de energia também aumentará”. A evolução tecnológica dos discos rígidos está, assim, a acompanhar estas exigências, com especial foco em capacidade, fiabilidade e eficiência energética.

O papel do armazenamento na nova geração de CCTV

	Marco Vicente, Sales & Business Consultant da Toshiba

A evolução das soluções de armazenamento tem acompanhado de perto os requisitos crescentes dos sistemas de videovigilância baseados em computer vision. Marco Vicente sublinha que “a evolução da tecnologia de armazenamento tem acompanhado o avanço do Computer Vision em sistemas de CCTV, especialmente devido ao aumento da resolução das câmaras e à necessidade de armazenamento de grandes volumes de dados”.

A Toshiba identifica cinco tendências que irão moldar o futuro do armazenamento para estas soluções: edge computing, adoção ampliada de IA e deep learning, integração com IoT, expansão da cloud híbrida e aumento da eficiência energética. Segundo a Toshiba, “o aumento de edge computing permitirá que as câmaras e outros dispositivos processem dados localmente, reduzindo a latência e a necessidade de comunicação constante com servidores centrais”. Paralelamente, a transição para modelos baseados em cloud trará flexibilidade e escalabilidade, embora o armazenamento local continue a ser essencial para dados de alta resolução.

Modelos de deep learning e inteligência artificial vão continuar a evoluir, com maior sofisticação em reconhecimento facial, análise comportamental e deteção de objetos. Além disso, a eficiência energética será cada vez mais valorizada: “as tendências para armazenamento mais sustentável e com menor pegada de carbono podem vir a influenciar a tecnologia de novos discos rígidos”, destaca o responsável.

O potencial do vídeo como fonte de inteligência

O avanço do computer vision está a redefinir o papel do vídeo no contexto empresarial. Já não se trata apenas de captar imagens, mas de gerar inteligência acionável em tempo real. A integração com IA, IoT e soluções de armazenamento especializadas está a abrir novas fronteiras de inovação e eficiência, com impacto transversal a múltiplos setores.

Do ponto de vista da infraestrutura, o armazenamento continua a ser um pilar crítico. Como sublinha a Toshiba, “os discos rígidos continuam a desempenhar um papel fundamental, oferecendo alta capacidade, desempenho contínuo e confiabilidade essenciais para sistemas de videovigilância modernos”.

Como podem os Parceiros diferenciar-se?

A diferenciação dos Parceiros passa por oferecer mais do que tecnologia — exige especialização, capacidade de integração e foco no valor gerado para o cliente final. Jorge Sepúlveda defende que “os Parceiros que apostam em soluções de visão por computador posicionam-se como líderes em inovação”. E acrescenta que “a chave está na especialização por verticais — como o retalho ou a mobilidade urbana — e na oferta não apenas de produtos, mas de soluções completas que melhorem processos, gerem dados valiosos e proporcionem um retorno tangível ao cliente final”.

A Decunify segue a mesma linha estratégica. “Destacamo-nos pelas soluções personalizadas, pelas demonstrações práticas e pelas provas de conceito”, explica Nuno Nogueira. O suporte especializado é um fator decisivo: “fornecemos um suporte especializado na implementação destas soluções, ajudando os clientes a desenvolver projetos inovadores e diferenciadores”.

Na prática, a proposta de valor dos Parceiros está na capacidade de entregar soluções chave-na-mão, escaláveis, seguras e ajustadas às especificidades de cada setor — seja através da integração com sistemas legacy, do cumprimento das normas de proteção de dados ou da adaptação à infraestrutura existente.

O computer vision encontra-se num ponto de inflexão: deixou de ser apenas uma promessa tecnológica para se tornar num alicerce concreto da transformação digital. E, com a evolução contínua das suas aplicações e infraestruturas, e a tendência é de que crescerá nos próximos anos. Num mercado competitivo, os Parceiros que compreendem esta mudança e se especializam por verticais, com soluções integradas, adaptadas e diferenciadoras, estão em melhor posição para liderar a nova era da videovigilância inteligente.