2016-5-24

A FUNDO

Cloud - O que se segue?

Apesar da notoriedade do tema, na verdade a adoção das tecnologias cloud de forma massificada está ainda relativamente no seu início, o que dâ ainda muito espaço de crescimento para os parceiros de canal. O que podemos agora antecipar sobre a sua evolução nos próximos anos?

Cloud - O que se segue?

Passaram já dez anos desde o lançamento oficial da Amazon Web Services— e, ao longo dessa década, a cloud evoluiu de um conceito “over-hyped” para uma realidade no mundo dos negócios. Hoje em dia, o IT on-demand é utilizado de variadíssimas formas por todos os tipos de organizações, de todas as dimensões.
Mas o que trará o futuro? Podemos fazer uma análise do atual mercado para serviços on-demand para prever de que modo as organizações irão utilizar a cloud já em 2020.

 

Fig.1- Total do Investimento dos departamentos IT por tipo.

Qual a dimensão do atual mercado de cloud?

As estimativas atuais apontam para que o mercado de infrastructure-as-a-service (IaaS), mais o mercado de platform-as-a-service (PaaS), ronde os $13 billion dollars anuais (11,7 mil milhões de euros). Pode parecer significativo, mas o capital investido na cloud, por empresas, é pequeno quando comparado com o investimento total em tecnologia, globalmente. Pondo este número em perspetiva, existem algumas grandes instituições (poucas) que, individualmente, têm um orçamento anual para TI não muito longe desse valor. Para comparar o investimento em IaaS + PaaS com o investimento total em TI, globalmente, e utilizando as previsões da Gartner para 2016 que indica o valor de $175 billions dollars (157 mil milhões de euros) em Data Centre Systems, estamos na verdade a falar de um valor abaixo dos 9 por cento do “bolo” total. Esta comparação é importante para quem acredita que estamos perto do ponto de maturidade do negócio do IT on demand. Claro que os custos totais de IT incluem desde os clients a custos de telecom e, se observarmos os custos diretamente envolvidos na infraestrutura e recursos centrais, temos, de acordo com a 451 Research, mais de 50 por cento destes orçamentos já destinados ao on-demand ou off-premises. Independentemente do modo como os especialistas escolhem interpretar os números, é incontestável que algo de crucial está a acontecer relativamente à forma como os “CxOs” vão investir em tecnologia. Esta época dourada, onde se compra cloud a preços cada vez mais baixos, não irá durar para sempre. Numa primeira análise, o nível de concorrência, a quantidade de empresas fornecedoras e os baixos preços envolvidos podem levar a concluir que os providers de cloud pública estão envolvidos numa corrida para “baixo”, tornando a cloud numa simples commodity indiferenciada. Esta interpretação é errónea. Os fornecedores estão na verdade numa corrida para o “topo”. Os principais players estão a tentar atrair utilizadores para os seus serviços premium o mais rapidamente possível. E existem também algumas grandes mudanças no futuro do mercado que podem explicar porque o fim dos dias da cloud a preços baixos podem estar perto: à medida que gigantes como a Google, a Amazon e a Microsoft se afastam do resto do mercado, os outros providers vão ter dificuldades em responder e possivelmente vão desaparecer ou migrar para serviços de maior valor acrescentado. Nesse sentido, os integradores de sistemas do Canal têm a possibilidade de mudar a sua abordagem e de começar a apresentar ofertas especializadas, em particular relativamente à prestação de serviços de gestão do IT. Até 2020, estas empresas, altamente especializadas, vão oferecer serviços que ajudam CIOs e CTOs a gerir o largo espectro de aplicações usadas on-demand e a segurança envolvida nas mesmas. Por enquanto, o envolvimento com a cloud requer ainda alguma coragem, e os CIOs, em especial aqueles em indústrias altamente regulamentadas, irão requerer uma cloud desprovida de riscos e convenientemente acondicionada até ao fim desta década.

Mudar a forma como as organizações funcionam, agora e no futuro

Existe um consenso por parte dos analistas de que a maioria dos executivos sénior ainda encaram a cloud como parte de uma abordagem mista, com vários elementos do “legacy” que devem ser mantidos em uso. E quanto maior a perceção do valor da informação menor é a predisposição de um CIO para colocar dados fora do perímetro da sua empresa. Indicadores recentemente publicados pela Verizon (que é a maior empresa de telecomunicações nos EUA) apontam, agora, para um crescimento da cloud híbrida superior ao modelo “puro” da cloud pública, como resposta de muitos CIOs não só aos sistemas legacy de que dispõem, mas também às suas inquietações sobre a “terceirização” total da informação. Mas a tendência, independentemente da indústria, é a de colocar cada vez mais informação na cloud, pública, híbrida ou privada, uma vez que cada vez mais negócios deverão mover-se para o online nos próximos anos.

Clouds diferentes para organizações diferentes

Os modelos de utilização da cloud diferem muito entre organizações mais recentes que nasceram com a cloud já enraizada no seu modelo de negócio e aquelas que têm de trabalhar para deixar para trás o legacy das operações on-premises. E também difere segundo o setor de atividade [ver caixa]. O ponto mais importante é, talvez, que as discussões de casos de melhor aproveitamento da cloud estão a evoluir para lá de noções limitantes de redução de custos (que ainda é a principal razão), para um novo patamar de maturidade digital caraterizado por decisões relacionadas com agilidade e resposta a oportunidades do negócio. À medida que o uso de IT on-demand se desenvolve, é crucial ter em mente que a cloud é simplesmente um de muitos componentes essenciais para a transformação digital.

Os CIOs mais “astutos” irão fazer uso de uma série de tecnologias interrelacionadas, como a analítica, a automação e a cloud híbrida, para mudarem o modo como as suas organizações operam. A chave será a capacidade, por parte dos fornecedores, de criar abordagens integradas, oferecendo a cada CIO ferramentas plug-and-play transformativas que permitam a adaptação da sua empresa a cada necessidade que se apresente.

 

Fig.2- As motivações para investir em soluções cloud.

O segredo está na ubiquidade

A cloud já se tornou numa tecnologia de serviços aceite em muitas empresas como um grande impulsionador de agilidade e produtividade, pelo que deverá ser um elemento fundamental em serviços de tecnologias transformativas. Existem preocupações válidas sobre segurança e confidencialidade, mas muitas foram já abordadas pelos principais providers, e em geral as empresas estão muito mais confiantes no que toca a tornarem- -se on-demand. No final, a solução para a transformação digital não terá uma solução única e hermética, mas uma variedade de soluções combinadas que cada empresa deverá encontrar para as suas necessidades e desafios específicos.


Quais os setores que estão a adotar a cloud?

Tomando por referência o nosso vizinho Ibérico, foi agora publicado um relatório do analista Panteo, que conclui que existem diferenças significativas na taxa de adoção da cloud consoante cada setor económico. De acordo com este relatório, as telecomunicações e as utilities são aqueles em que se verifica a maior adoção, com praticamente todas as empresas estudadas a entregarem pelo menos uma parte das soluções através da cloud (99,7 por cento). Para estes setores, a solução mais atraente é o IaaS privado, com 39,2 por cento. seguido de perto pelo modelo híbrido público/privado, que representa 35,1 por cento. O segundo setor no na adoção de soluções cloud é o financeiro/banca/seguros, com 42 por cento, mas neste caso exclusivamente através de IaaS privado. O terceiro setor são os serviços, com uma adoção de 33 por cento, e uma previsão de aumento de 12 por cento para o corrente ano.

No mundo empresarial, o setor que menos confia na cloud é o da produção industrial, onde a penetração de soluções na cloud é de apenas 26,7 por cento. Na esfera pública, tradicionalmente mais conservadora, a cloud registava há dois anos apenas 22 por cento de adoção. Mas é neste setor que se acredita que o crescimento será mais célere.

 

Fig.3- Adoção da cloud por setores em 2015.


Híbrida, seguramente

A cloud híbrida é uma opção para a qual mais empresas se estão a voltar. A cloud híbrida está a ganhar do ponto de vista da procura, uma vez que as empresas reconhecem a necessidade de armazenar dados na cloud. Um estudo da Tech Pro Reserch, realizado em fevereiro de 2016, revela que a cloud híbrida já tocou, virtualmente, todas as indústrias verticais e todas as regiões geográficas, e empresas de grande e pequena dimensão. Por vezes, as empresas tomaram a decisão de migrar para a cloud de forma planeada, outras vezes foram pressionadas pelos fabricantes. Independentemente da forma como chegaram à cloud, a aceitação em relação ao modelo híbrido é definitivo. O estudo verificou que 88 por cento dos inquiridos estão, aliás, familiarizados com o conceito.

“Quer os inquiridos percebam ou não integralmente os princípios técnicos da cloud híbrida, a maioria entende a proposta de valor comercial que o conceito de cloud híbrida faculta. Com a filosofia da cloud híbrida, as empresas e os decisores de IT sabem que podem utilizar diferentes recursos de IT, quer sejam internos ou externos, para

 

Fig.4- Fonte: Tech Pro Research 2016

suportar os seus serviços”, refere Mary Shacklett, autora do estudo da Tech Pro Research. “Por exemplo, se a empresa quiser adotar uma aplicação de gestão de Recursos Humanos de um determinado fabricante e este apenas oferecer uma versão do sistema na cloud, talvez faça sentido juntar a cloud do fabricante de modo a obter as capacidades que a empresa deseja ter. Se a empresa está a ficar sem armazenamento para os seus dados, mas não quer investir numa solução de armazenamento para dados que raramente é utilizada, considerar um provider de cloud pública com armazenamento seguro pode ser uma forma prática, conveniente e económica de ir ao encontro desse problema”.
 

A implementação de uma cloud híbrida

É importante considerar, em primeiro lugar, quem efetivamente implementou uma solução de cloud híbrida. Dos auscultados pelo estudo, 36 por cento referiram ter já implementado uma estratégia deste género, enquanto 32 por cento indicaram que estão ainda a considerar essa situação. Para os restantes 32 por cento, a adoção da cloud híbrida ainda não faz parte dos seus planos.

Projeções da cloud híbrida

O estudo revelou que 69 por cento dos entrevistados que estão a utilizar ou a considerar a cloud híbrida estarão a operar com cerca de 50 por cento dos dados na cloud híbrida durante os próximos cinco anos. Apenas um por cento dos que já implementaram este modelo planeiam um retrocesso e deixar de utilizar esta solução. É de salientar que 31 por cento dos inquiridos têm dúvidas sobre se irão colocar a maioria das suas aplicações na cloud. Seguramente, isto reflete a importância que empresas de todas as dimensões dão à manutenção das suas aplicações de mission-critical sob o seu domínio, sob orientação direta da sua própria segurança e gestão.

 

Fontes fig.1, 2 e 3: 451 Research.

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