Rui Damião em 2025-2-27
A PHC Business Software foi adquirida pela Cegid – que, por sua vez, já tinha adquirido a Primavera em 2022. Em entrevista, as duas empresas explicam os próximos passos e como será feita a integração dos Parceiros
João Sampaio (à esquerda), Diretor Geral da PHC, e Josep Maria Raventós (à direita), SMB & CPA Director para Portugal e África da Cegid
O início de 2025 no ambiente tecnológico em Portugal fica marcado por aquisições, em especial pela aquisição da PHC Business Software por parte da Cegid. Em 2021, um fundo de investimento inglês – a Oakley Capital – anunciou a aquisição da totalidade do capital da Primavera BSS e a criação de um novo grupo empresarial, denominado de Grupo Primavera. Seguiram-se as aquisições de outras empresas, tanto portuguesas – como a Cloudware ou a SAFTOnline – como espanholas. Em setembro de 2022, a Cegid confirmou a aquisição do Grupo Primavera e, na altura, foi anunciado pela empresa que a fusão do Grupo Primavera com a Cegid iria permitir “acelerar o crescimento, especialmente a nível internacional”. Chegados a 2025, a PHC – a maior das software houses independentes de capital português – junta-se, também, à Cegid. Ricardo Parreira, até agora CEO da PHC, decidiu deixar a liderança da empresa para se focar noutros projetos, substituindo-o João Sampaio. A “complementaridade” dos portfóliosEm entrevista ao IT Channel, Josep Maria Raventós, SMB & CPA Director para Portugal e África da Cegid, explicou que a ambição da Cegid é “atingir na região os 350 milhões euros de faturação até ao final de 2026”, que será atingido, diz, “uma parte via orgânica e outra por aquisições”. Para atingir esse objetivo, a empresa “tinha de olhar para algum projeto ou algumas aquisições que fossem importantes em Portugal”. A escolha recaiu na PHC porque é “uma empresa absolutamente consolidada, com um posicionamento espetacular dentro do mercado, com crescimentos paralelos ao que estamos a ter e com uma base de clientes também muito importante”. Por outro lado, a PHC também tem uma posição importante em África. Também ao IT Channel, João Sampaio, Diretor Geral da PHC, refere que existiam “muitos grupos interessados na [aquisição da] PHC por vários pontos: éramos a última software house independente, nos últimos cinco anos tivemos sempre um crescimento a dois dígitos, nunca tivemos prejuízo em toda a história, e temos uma rede de Parceiros que está muito connosco”. Ao mesmo tempo, as duas empresas completam-se. Josep María Raventós e João Sampaio explicam que, olhando para o mercado africano, a Cegid – através da Primavera – sempre foi forte em Angola, enquanto a PHC é líder em Moçambique. Assim, de um modo geral, “não existe sobreposição; há uma complementaridade muitíssimo boa”, indica João Sampaio. Abordagem “muito cuidada” à rede de ParceirosEm conjunto, as duas empresas afirmam que têm “mais de 800 Parceiros”. Do lado da PHC, uma das prioridades foi ter um circuito de comunicação com os principais Parceiros através de sessões individuais, e depois uma ação conjunta com todos. “Há sempre uma expectativa”, diz João Sampaio, que acrescenta que há, também, “uma vantagem muitíssimo grande”. Existe uma “complementaridade do portfólio”, onde a Cegid “é muito forte em tudo aquilo que se pode chamar de fintech, com um desenvolvimento muitíssimo grande em tudo aquilo que é inteligência artificial”. Já da parte da PHC, a empresa “sempre foi muito forte na parte de gestão e nos verticais associados à gestão”. Associando o portfólio à alavanca financeira e tecnológica, o objetivo “é que os Parceiros funcionem cada vez melhor e a visão que têm é extremamente boa porque é um reforço no investimento, reforço na tecnologia e introduz muito mais força em tudo aquilo que são as soluções”. João Sampaio reforça que “se houvesse uma redução” de investimento ou de portfólio “era preocupante, mas não; há um alargar do portfólio e de oportunidades, com um foco completo no utilizador final e há uma entidade que investe muitíssimo” em inteligência artificial. As equipas das duas empresas já estão a trabalhar em conjunto para analisar o portfólio, auditá-lo, compreender onde e como se insere. “Isto tem o seu timing. Esperamos, sinceramente, que em muito curto prazo exista a integração, mas, como digo, estamos ainda numa fase de conhecimento recíproco”, diz João Sampaio, acrescentando que “até ao fim do ano, ou possivelmente menos, esteja integrado”. Para a PHC e para a Cegid, a próxima fase é de “análise comum” e a ideia caminha para “a figura para um Parceiro Cegid que venda um portfólio de soluções”. O objetivo não é tanto integrar, mas sim que “exista um chapéu Cegid e Parceiros que vendem as soluções Cegid, sejam elas oriundas da software house que for”, explica João Sampaio. O Diretor Geral da PHC relembra que 100% do negócio é B2B e “a abordagem que fazemos à rede de Parceiros é muito cuidada”. Assim, existe “desde a primeira abordagem que se teve” com a Cegid, “um objetivo comum de ser Parceiro Cegid”. No entanto, “há um universo de variáveis”, como sistemas de pricing e de margem, por exemplo, que têm “de ser muito bem estudados e acautelados” para, até 2026, conseguir-se obter “uma fotografia de um Parceiro Cegid”. Os próximos passosA curto prazo, Josep María Raventós clarifica que as duas empresas vão olhar para os Programas de Canal de cada uma das empresas, ver onde estão as diferenças e equilibrar os Programas de Canal, até porque “o Canal quer começar a comercializar já os produtos das duas empresas. As regras de comercialização têm de estar mais ou menos alinhada”. Já para João Sampaio, existem várias sinergias entre as duas empresas. No entanto, independentemente do processo de aquisição, “temos dois carros que têm de andar a um ritmo muito alto, temos de cumprir objetivos de venda e nada disso pode afetar a velocidade dos dois carros. É como ter de substituir as rodas sem que o carre pare”. |
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