Rui Damião em 2024-10-10

A FUNDO

Mesa-Redonda

A nova vida do Smart, do IoT e do Edge

Os Parceiros de Canal são o veículo mais próximo dos clientes ao entregarem soluções de IoT e Edge, consultoria estratégica, integração de sistemas e suporte contínuo a toda esta integração de produtos/serviços. Claroty, em representação da Ingecom, Fortinet, HPE Aruba Networking, Schneider Electric e Zaltor partilham a sua opinião sobre o mercado de Smart, IoT & Edge e as oportunidades e desafios para os Parceiros

A nova vida do Smart, do IoT e do Edge

Como é que o mercado de smart, IoT e edge está a evoluir em Portugal e quais são as principais tendências?

 

“O que temos vindo a assistir é a consolidação das tecnologias de IoT e de comunicação já no mesmo dispositivo do Wi-Fi. Hoje, podemos ver que um access point não é apenas um access point; pode funcionar como uma gateway”


Sónia Casaca, Country Manager da HPE Aruba Networking

Sónia Casaca, Country Manager da HPE Aruba Networking: “O mercado de Smart, IoT e Edge tem mostrado em Portugal e a nível global um crescimento significativo nos últimos anos que está alinhado com várias tendências. No passado, os clientes pediam apenas conectividade pura; hoje, já fazem outro tipo de trabalho, pretendem tirar mais integração da conectividade para perceberem como podem trabalhar com estas novas tecnologias. Já é um mercado mais maduro. Temos também o caso da Indústria 4.0 em que a integração com os dispositivos IoT é extremamente importante”

O movimento da cloud para o edge, do centro para a periferia, continua? Quais são as principais tendências tecnológicas e como orquestrar e automatizar a gestão de ambientes mais complexos e híbridos?

André Ribeiro, Data Center & Edge Infrastructure Sales Engineer da Schneider Electric: “Temos constatado que esse movimento continua de uma forma consolidada e homogénea, mas arriscaria dizer que, até 2028, vamos ter uma grande alavancagem impulsionada pela inteligência artificial. Com base num estudo que fizemos, em 2023 tivemos sensivelmente 95% dos workloads a serem processados nos típicos data center centralizados e 5% em Edge; estimamos que, em 2028, 50% das cargas de trabalho sejam processados em data centers centrais e outros 50% em Edge”

José Ahumada, Sales Director Iberia da Claroty, em representação da Ingecom: “A tendência atual é que a maioria dos clientes costumavam ter redes mais isoladas, quando falamos de IoT, OT e todos os dispositivos que têm implementados. Mas, ano após ano, todos esses ambientes estão a ficar interconectados e a tendência é que recebam mais valor deste tipo de ambientes onde se recebem informações da fábrica, onde enviamos informações para o PLC e tudo é automatizado e pode ser controlado remotamente, reduzindo o tempo necessário para trabalhar em alguns tópicos e melhorar a produtividade”

De que forma é que as redes 5G e Wi-Fi estão a influenciar o desenvolvimento e a implementação de soluções IoT?

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: “O que temos vindo a assistir é a consolidação das tecnologias de IoT e de comunicação já no mesmo dispositivo do Wi-Fi. Hoje, podemos ver que um access point não é apenas um access point; pode funcionar como uma gateway, pode integrar vários rádios destes elementos de IoT, pode fazer de conector para expandir outro tipo de protocolos, o que vai criar uma otimização da infraestrutura que é colocada nas organizações e não sendo necessário criar uma rede paralela como víamos no passado”

Javier Nuñez, Presales Engineer da Zaltor: “É possível levar acesso remoto a sítios onde não há redes, em instalações agrícolas ou zonas rurais, por exemplo. Este tipo de instalações, graças ao Wi-Fi ou 5G, conseguem ter elementos de análise ou de monitorização nesses pontos, não só para poder ter visibilidade nessas zonas, mas também para poder recolher dados de todos estes elementos. Por exemplo, nas colinas do rio Tejo há muitas zonas que estão fora da cobertura normal, mas há estações de monitorização da água ao longo do rio graças aos elementos 5G”

Como é que podemos garantir a segurança e a privacidade dos dados em dispositivos IoT, protegendo também as redes edge?

“No passado, neste método do OT e do IoT, as pessoas estavam muito focadas na integração e na eficiência. Hoje, existem outras palavras que procuram, como agilidade e operação. Isto faz parte da evolução”


Hugo Azevedo, Business Development Manager e LAN Edge Specialist da Fortinet

 

Hugo Azevedo, Business Development Manager e LAN Edge Specialist da Fortinet: “Esta transformação a que estamos a assistir – seja nas cidades, numa empresa de serviços ou numa indústria – tem esta questão de cada vez mais estar tudo mais conectado. Todos os dispositivos estão interligados, seja numa rede local IP ou através de Internet; também temos mais sensores no chão de fábrica ou num edifício inteligente. Só que os dispositivos que estão a nascer muitas vezes têm sistemas operativos onde não é possível instalar um agente que, se for possível instalar, permite ter um controlo muito grande sobre a máquina”

José Ahumada, Claroty, em representação da Ingecom: “Quando falamos com os clientes, têm alguns casos de uso que querem cobrir, mas é necessário que o dado seja seguro e que não há o risco de perder ou alguém aceder a essa informação. A coisa mais importante é que, no mundo industrial real, encontram-se clientes que compram diferentes empresas, com diferentes infraestruturas, processos, pessoas, mindset e sistemas operativos diferentes. Este é o primeiro desafio porque é preciso garantir que a informação é segura e um ambiente heterogéneo”

 

“O IoT é um mundo muito bonito, um mundo que nos vai trazer boas satisfações, mas precisamos de ter uma boa visibilidade desses elementos. Também nos traz o desafio de poder integrar todos estes elementos com o IT tradicional”


Javier Nuñez, Presales Engineer da Zaltor

Javier Nuñez, Zaltor: “Há um desafio real. Há uma quantidade de empresas que têm uma quantidade diferente de dispositivos e dispositivos de marcas diferentes e poder ter um controlo sobre todos eles seria o melhor e o ideal. Para além disso, além das soluções habituais para fazer backup desses dados, é preciso ter isso tudo bem guardado e mantido no nosso sistema para ter uma boa visão global, não só do dispositivo”

Quais são os desafios da transformação digital na indústria e de que forma é que o IoT e o edge se podem transformar nos enablers da produtividade?

José Ahumada, Claroty, em representação da Ingecom: “Quando as empresas estão a introduzir mais soluções inteligentes ou a adicionar mais interconexão entre o IoT e todas as coisas diferentes que têm para as suas atividades, o primeiro resultado que obtêm é a velocidade de produção, a capacidade de produzir mais produtos em menos tempo. O desafio nestes temas é como otimizar a utilização destas ferramentas de controlo inteligentes quando têm de incluir mais e mais desses conceitos nas suas fábricas tradicionais. Aí, é preciso treinar as pessoas porque, de outra forma, não utilizam as ferramentas”

Hugo Azevedo, Fortinet: “No passado, neste método do OT e do IoT, as pessoas estavam muito focadas na integração e na eficiência. Hoje, existem outras palavras que procuram, como agilidade e operação. Isto faz parte da evolução. Seja numa fábrica, numa cidade, num edifício ou serviços, a evolução tecnológica é muito grande. Esta evolução procura sempre fazer crescer mais o negócio e, por outro lado, permitir ser competitivos”

De que forma é que a inteligência artificial entra na equação ao ser integrada com IoT e edge na criação de soluções mais inteligentes?

“A inteligência artificial contribui para a sustentabilidade das operações e, focando-me só na inteligência artificial, é possível tomar decisões de forma a aumentar a eficiência das operações, como em consumos energéticos e gastos de energia”


André Ribeiro, Data Center & Edge Infrastructure Sales Engineer da Schneider Electric

 

André Ribeiro, Schneider Electric: “Daquilo que conhecemos da inteligência artificial e daquilo que está a ser aplicada no mercado, nas tecnologias e nos negócios, existem use cases de negócio de onde poderá ser aplicada, como na área da saúde ou casas inteligentes, mas também na indústria que é onde tem maior capacidade de implementação. Damos um modelo de aprendizagem a uma determinada máquina e pode antecipar potenciais avarias dessa mesma operação e mantendo a disponibilidade da própria operação e do próprio negócio”

Hugo Azevedo, Fortinet: “A inteligência artificial, para nós, é algo que já existe há muito tempo. A grande quantidade de appliances instaladas em todo o mundo já têm inteligência artificial que estão a olhar para estas redes. A inteligência artificial democratizou-se e hoje está muito mais acessível com custos mais baratos. A cloud, obviamente, potenciou isso porque tem uma capacidade computacional enorme, a um custo e rapidez acessíveis”

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: “É importante não esquecer a inteligência artificial na área de experiência do utilizador. É extremamente importante o IoT na experiência do utilizador. Temos use cases nas cidades inteligentes, um deles em Bilbao, em que todos os sensores e todos os dispositivos estão a aprender as preferências dos cidadãos e faz com que, ao chegar à cidade, possamos adaptar, através de inteligência artificial e todos os dispositivos Edge, a cidade ao cidadão”

Qual o impacto que as tecnologias smart e IoT têm tido na sustentabilidade ambiental? Quais as soluções disponíveis no mercado?

Javier Nuñez, Zaltor: “Os novos elementos que se têm integrado dentro das nossas redes de comunicações desde que começamos a ouvir a palavra IoT – seja em fábricas ou numa floresta – estão a comunicar por redes sem fios, como pode ser o 5G, e alimentam-se de placas solares que não emitem nenhum tipo de emissão para a atmosfera. Temos elementos de IoT que utilizam pequenas pilhas e são capazes de durar até três anos a comunicar com redes de baixa potência. Este tipo de dispositivos, além de todos os dispositivos que estão dentro da sua cadeia de comunicação para poder trabalhar continuamente, são uma muito boa vantagem”

André Ribeiro, Schneider Electric: “A inteligência artificial contribui para a sustentabilidade das operações e, focando-me só na inteligência artificial, é possível tomar decisões de forma a aumentar a eficiência das operações, como em consumos energéticos e gastos de energia. Noutra perspetiva, os fabricantes têm vindo a desenvolver tecnologias para aumentar a eficiência e, depois, o consumo e o racional dos recursos, nomeadamente na energia”

Quais são as oportunidades e desafios que encontram neste mercado para os Parceiros de Canal?

 

“Quando as empresas estão a introduzir mais soluções inteligentes ou a adicionar mais interconexão entre o IoT e todas as coisas diferentes que têm para as suas atividades, o primeiro resultado que obtêm é a velocidade de produção, a capacidade de produzir mais produtos em menos tempo”


José Ahumada, Sales Director Iberia da Claroty, em representação da Ingecom

José Ahumada, Claroty, em representação da Ingecom: “Os Parceiros têm uma grande oportunidade no mercado. É possível encontrar Parceiros especializados em OT, mas não têm o conhecimento sobre IT e segurança de serviços, e encontrar outros tipicamente orientados à segurança de serviços e precisam de ter mais conhecimento no OT. Se encontrarmos alguns Parceiros que são capazes de se adaptar à nova era e ter este conhecimento, têm uma visão completa deste tipo de casos de uso e situações porque se vão encontrar diferentes tipos de clientes”

Hugo Azevedo, Fortinet: “Os Parceiros são fundamentais porque são eles que, na prática, estão junto dos clientes no dia-a-dia. Aqui não há só desafios, mas também muitas oportunidades que ainda não estão totalmente a ser exploradas pelo nosso Canal. Esta capacidade de ajudar as empresas nestes desafios – conectividade destes equipamentos todos – é algo que não está só ao alcance de um integrador totalmente focado em conectividade”

Sónia Casaca, HPE Aruba Networking: “Os grandes desafios que temos assistido nestes últimos tempos têm a ver com a complexidade que temos vindo a ver com a questão da transformação digital, do IoT e a especialização dos nossos Parceiros. Estamos junto deles diariamente para os poder capacitar, estar junto dos clientes finais e levar estas soluções e fazer as melhores recomendações aos clientes”

André Ribeiro, Schneider Electric: “Os Parceiros são os nossos embaixadores e quem nos leva para o mercado diariamente. A minha mensagem é mantermos a colaboração com os Parceiros e a troca tanto de conhecimento técnico como de comercial e de mercado. O mercado está a exigir esta estreita colaboração e novos produtos; nós temos o produto, temos o conhecimento – embora os Parceiros também tenham –, mas temos o conhecimento primário para depois, então, podermos capacitá-los”

Javier Nuñez, Zaltor: “Há muitos desafios ainda. O IoT é um mundo muito bonito, um mundo que nos vai trazer boas satisfações, mas precisamos de ter uma boa visibilidade desses elementos. Também nos traz o desafio de poder integrar todos estes elementos com o IT tradicional que temos agora mesmo. Poder unir os dois mundos – o mundo tradicional com este mundo novo que se abre através do IoT – e poder ter visibilidade de absolutamente tudo, vamos poder ter uma muito boa solução para poder atacar qualquer projeto atual ou futuro que nos possa aparecer”

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