Rui Damião em 2022-5-16
Com a necessidade de colocar os colaboradores a trabalhar em casa, o papel da impressora e da multifunções mudou por completo. Brother, Epson, Lexmark, Multimac, Tenderstool e Xerox dão a sua perspetiva e assim como abordam os desafios e oportunidades sobre o mercado de impressão e digitalização
2022 é o ano em que, de facto, os colaboradores podem voltar ao escritório. Como é que essa situação vai impactar o mercado de impressão e digitalização? Rita Silva, Field Marketing Manager para Portugal e Espanha, Lexmark: “Estes dois últimos anos tiveram grandes desafios para o mercado de impressão. Têm sido feitos grandes avanços na digitalização e isso tem levado muitas empresas a adaptar-se a estas novas realidades da tecnologia. A impressão também não fica alheia a esta evolução e os dados dizem que 43% das empresas estão a investir na infraestrutura de impressão como parte das suas estratégias globais de transformação digital”
João Fradinho, Country Manager, Brother: “O facto de termos passado uma parte significativa do tempo em casa levou a começar a imprimir mais em casa do que aquilo que faríamos; aí as pequenas soluções de impressão desempenharam um papel determinante. A digitalização teve um boom de procura oriundo desta nova realidade, que fez com que se digitalizasse muito mais em casa do que no escritório, que muitas vezes estavam fechados ou com muita pouca frequência” Paulo Antunes, CEO, Multimac: “Foram dois anos complicadíssimos. O maior impacto que teve, realmente, é que o mercado de impressão – que já estava a caminhar para a digitalização e tudo o que era serviços cloud – avançou cinco, dez anos, o que veio pôr em causa o negócio da impressão. O negócio da impressão já estava a mudar – até porque não pode continuar como está –, mas esta pandemia veio antecipar uma série de regras” Néstor Giner, Product Manager de Office Print, Epson: “Evidentemente que a pandemia nos mudou a todos; mudou-nos no modo como fazemos as coisas e como as faremos a partir de agora. Antes da pandemia, detetámos que havia um incremento nos modelos de impressão sustentável baseados em equipamentos multifuncionais e em impressoras que geram menos resíduos. Na pandemia, todos fomos para casa e estas políticas sustentáveis foram aplicadas a modelos B2C” Fábio Silva, Business Developer Manager, Tenderstool: “[No setor público,] comparando o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2021, o ano está a ser muito positivo. Houve um crescimento de 70% em concursos públicos e no valor total. Neste momento, há um valor de dez milhões de euros em concursos que ainda não foram adjudicados” Numa parte das empresas, o trabalho híbrido parece ser o modelo de eleição. Como é que a impressão e a digitalização se estão a adaptar a esta realidade? João Fradinho, Brother: “Sem dúvida que se está a verificar a opção pelo trabalho híbrido. No trabalho híbrido, o que se verifica é uma maior dispersão da impressão. Neste momento, a maior preocupação do Canal é que não existe produto disponível – ou é muito difícil encontrá-lo – e a segunda preocupação é o preço que se coloca na proposta porque, ao contrário do que era normal, verificamos os preços a aumentarem”
Ana Garcia, Multibrand Channel Manager, Xerox: “O trabalho híbrido veio para ficar. Todos nós mudámos – a forma como interagimos, como percecionamos o espaço físico e a forma como trabalhamos – e a mobilidade é o principal pilar destas transformações digitais e mudanças. Os fabricantes entram aqui; não existem soluções de mobilidade one size fits all, porque cada função e tarefa tem especificidades diferentes. Cada organização é única e igual a si própria” Néstor Giner, Epson: “É uma visão de futuro que não tem nada de claro. O retorno da impressão é muito alto; na Europa, imprimimos três biliões de páginas por ano, um número muito bom para quem está no mercado. Mas o que vemos é que para além de imprimir também se digitaliza muito e essa adaptação ao trabalho híbrido leva a que todos os equipamentos – domésticos ou empresariais – tenham capacidade de digitalização massiva e a alta velocidade” O software está a ter um papel crescente no mercado da impressão e digitalização. Os utilizadores esperam agora valor acrescido do hardware. Como se podem levar soluções mais colaborativas e inteligentes para a experiência deste novo utilizador? Ana Garcia, Xerox: “O objetivo tem de passar por criar valor acrescido no hardware já que o hardware, por si só, acaba por se tornar num bem necessário. O que temos verificado – através da utilização de apps nos equipamentos – é que os clientes conseguem melhorar e automatizar significativamente os seus processos de trabalho. Este é o grande objetivo: contribuir com soluções colaborativas e inteligentes para os utilizadores”
Paulo Antunes, Multimac: “Há uma série de anos que tem existido um desenvolvimento em termos de software. O mercado pede que se passem os serviços para a cloud. A questão híbrida veio dar mais mobilidade às pessoas, a capacidade de imprimir em qualquer lugar, através da cloud. Temos de dar valor acrescentado à cópia. Se o cliente não faz uma impressão, temos de compensar o valor que não está a ser faturado através de software” Rita Silva, Lexmark: “Sabemos que as empresas têm de se adaptar a esta nova realidade de trabalho. As pessoas aperceberam-se que é possível trabalhar a partir de casa e de vários locais sem ser o escritório. Isso leva as empresas a ter de que reinventar a forma de trabalhar e também os fluxos de impressão e digitalização para que todos os colaboradores o possam fazer, seja no escritório ou em casa ou em qualquer parte do mundo” Fábio Silva, Tenderstool: “O plano da administração pública é a transformação digital e vai ser esse o foco nos próximos anos. Podemos ver que o setor do software está bastante lançado no setor público, com valores adjudicados aproximadamente de 360 milhões de euros. Em hardware o montante é inferior – aproximando-se aos 60 milhões de euros. Já os projetos de gestão estão valorados em 4,5 milhões de euros, aproximadamente” O impacto da impressão na sustentabilidade ambiental é hoje já ponderado nas decisões de compra de parte das organizações. Como a indústria tem correspondido a estas crescentes expectativas? Néstor Giner, Epson: “A sociedade, as empresas, responderam a um novo paradigma e a um novo critério de contratação de equipamentos tecnológicos. Estamos num momento de decisão climática e todos e cada um de nós – a nível pessoal e profissional – devemos fazer algo. A palavra sustentabilidade faz parte da transformação dos processos e do desenho das soluções eficientes para fazer as coisas de forma mais sustentável” Rita Silva, Lexmark: “A sustentabilidade é uma prioridade para as empresas. É um assunto que ouvimos falar quase todos os dias. Temos um longo historial em práticas empresariais sustentáveis e isso vê-se nos equipamentos e nas certificações que vêm sustentar o que se comunica. Há várias formas em como podemos melhorar o negócio e apoiar os Parceiros e clientes para se tornarem mais amigos do ambiente”
Ana Garcia, Xerox: “O tema da sustentabilidade é um tema de todos – quer a nível pessoal, quer a nível das organizações. Há uma expectativa cada vez maior que a criação de valor de uma empresa não se deve – ao contrário do que acontecia há uns anos – ao retorno económico. Estamos a falar do conceito de ROI sustentável que se estende ao capital humano e ao capital natural. Na indústria em geral, há uma preocupação geral, mas em diferentes estágios” João Fradinho, Brother: “Como sabemos, há muita discussão à volta da tecnologia de tinta e de laser, mas uma coisa é certa: todos os fabricantes estão obrigados a fazer evoluções muito significativas que trazem menos impactos no meio ambiente, nomeadamente ao nível do consumo. O Canal deve esperar máquinas com longevidades mais longas com um tempo útil de vida mais longo para diminuir o problema da reciclagem dos equipamentos”
Os equipamentos de impressão ainda são um ponto frágil no que diz respeito à cibersegurança? Os fabricantes já pensam cada vez mais na segurança dos seus equipamentos para não colocar o parque do cliente em risco? Paulo Antunes, Multimac: “A cibersegurança é, cada vez mais, um tema sensível. Os recentes ataques mostram que tudo o que está na Internet é falível. A Sharp foi dos primeiros fabricantes a incluir um kit de segurança dos dados nos discos rígidos. Isto quer dizer que tem sido uma grande preocupação da Sharp na proteção dos multifunções – que estão na rede, têm acesso à Internet, cada vez mais fazemos coisas com os multifunções e temos de ter cuidado como temos com um PC” João Fradinho, Brother: “Os ataques foram muitos e as entradas vêm de muitas origens. O nosso posicionamento, em termos de equipamentos, é uma posição de custo de produto relativamente acessível, no entanto, nos últimos 18 meses, os equipamentos evoluíram significativamente ao nível do firmware, das encriptações, passwords, precisamente com o objetivo de proteger os equipamentos mais acessíveis” Ana Garcia, Xerox: “Este tem sido um tema sobre o qual quase diariamente somos abordados pela comunicação social. Para o fabricante, o principal objetivo tem de passar, obrigatoriamente, por integrar uma solução que não seja uma ameaça à infraestrutura de IT do cliente. Por outro lado, deve conseguir garantir uma proteção abrangente, tendo em conta todos os possíveis pontos de vulnerabilidade de qualquer dispositivo” Rita Silva, Lexmark: “Esta é uma realidade e respondemos com uma arquitetura de segurança total, porque queremos proteger e ajudar a proteger todas as informações, quer no documento, no dispositivo ou na rede, em todos os pontos intermédios onde passa esta informação. Temos vindo a falar das novas formas de trabalho e sabemos que o facto de as pessoas estarem a trabalhar cada vez mais remotamente fez com que aumentasse o risco da manutenção” A evolução do transacional para os serviços e para os MPS e print solutions providers continua, hoje ao nível do small office, home office. Tendo a estratégia dos vários fabricantes nuances entre si, como se prepara o Canal para esta mudança e que competência esperam dos vossos Parceiros? Ana Garcia, Xerox: “O alinhamento do portfólio sempre foi uma prioridade. Temos um vasto portfólio, com consistência na maior parte das funcionalidades – seja num equipamento pequeno de ter em casa, mais robusto de escritório ou mesmo de produção – com o objetivo de o utilizador, independentemente de procurar uma solução de entrada ou de escritório, consiga usufruir de soluções de mobilidade, gestão de conteúdos e utilização de aplicações” Néstor Giner, Epson: “Somos todos conscientes que os managed print services são uma commodity para o segmento empresarial, mas como temos visto a palavra híbrido aparece muitas vezes. Os serviços devem centrar-se no cliente, oferecendo ao cliente um modelo adaptado às suas necessidades. Por exemplo, se utilizamos o mesmo modelo de MPS tanto para o segmento corporativo como para o doméstico, alguém terá demasiadas prestações e outros poucas” Paulo Antunes, Multimac: “Todos os players do mercado se tiveram de adaptar à realidade do mercado. O que fizemos foi estender todos os nossos MPS para casa; muitos clientes pediram equipamentos para colocar em casa, e assim o fizemos, e fizemos o custo à página, o mesmo procedimento, controlo de custos, e fizemos a extensão para casa dos clientes. É por aí que queremos ir e não há muito por onde inventar” O Plano de Recuperação e Resiliência será muito importante para o Canal de Parceiros em vários setores, e também no setor da impressão e digitalização. Como é que o PRR irá impactar a contratação destes serviços por parte do Estado e da administração pública?
Fábio Silva, Tenderstool: “Não só vai impactar como já está a impactar. É um tema a que temos dado bastante atenção e de perto, até porque não só interessa às empresas, mas que nos toca a todos. A verdade é que há mais dinheiro do que nunca na administração pública e as empresas estão cada vez mais interessadas no investimento do setor público. Com os dados do primeiro trimestre, o setor do printing conta com 9% do montante total de concursos públicos, que na sua totalidade se aproxima dos 18 milhões de euros” Quais são os desafios e as oportunidades que os Parceiros vão ter este ano? João Fradinho, Brother: “Sem dúvida que acho que vamos ter uns próximos anos animados, com algumas incertezas, mas com esperança. Vai haver maior capacidade de investimento por parte do Estado e dos clientes finais para as tecnologias de informação – assim terá de ser. No que diz respeito à Brother, gostaria de passar a mensagem que há áreas que não são tão conhecidas quanto o printing, como os scanners e toda a área de etiquetagem”
Néstor Giner, Epson: “A Epson é um fabricante comprometido com o Canal, tanto no presente como para o futuro. Com isso, quero dizer que o que fazemos é através do seu Canal indireto, uma figura importantíssima para a Epson. Não fazemos nada diretamente, o que faz com que o nosso compromisso seja muito importante. Depois, vejam-nos como um fabricante comprometido com o meio ambiente” Rita Silva, Lexmark: “Sabemos que não foram anos fáceis para vários mercados, incluindo o da impressão, daí querer agradecer ao Canal de Parceiros. Para 2022, continuamos a estar otimistas e acreditamos que este ano será marcado por grandes oportunidades. Muitas empresas estão a reinventar-se e isso vai fazer com que surjam novas oportunidades” Ana Garcia, Xerox: “Através dos nossos Parceiros, o grande objetivo é criar um local de trabalho mais eficiente, ter clientes produtivos num ambiente seguro – independentemente se o cliente está a trabalhar de casa ou no escritório. O grande desafio é criar a melhor experiência para os nossos Parceiros. Em termos de oportunidades, os Parceiros vão ter a oportunidade de acelerar a transformação digital dos seus clientes”. |